No jornal Tribuna da Bahia online Políticos criticam falhas no setor elétrico Lilian Machado O apagão, que atingiu sete estados da região Nordeste, provocou prejuízos à população e causou a suspensão dos trabalhos administrativos no Polo Petroquímico de Camaçari, desencadeou um polêmico debate entre os políticos baianos.

Lideranças da oposição não perderam tempo e atribuíram a pane no sistema elétrico, gerido pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) aos critérios de administração considerados meramente políticos.

Na bancada aliada à presidente Dilma Rousseff (PT), até mesmo o senador baiano, Walter Pinheiro (PT), teceu críticas à justificativa do diretor Mozart Bandeira Arnaud.

Segundo o diretor, uma falha no circuito eletrônico da subestação Luiz Gonzaga, no município de Jatobá, em Pernambuco, teria provocado o problema.

O líder do Democratas na Câmara Federal, deputado ACM Neto, associou a origem do blecaute a nomeação de políticos em cargos técnicos. “A causa maior do problema é o loteamento político dos cargos no setor elétrico nacional.

Se tivéssemos pessoas técnicas e qualificadas para ocupar os cargos do setor, teríamos planos de contingência e reduziríamos em muito as chances de panes como essas que ocorrerem”, criticou. “A presidente Dilma deveria aproveitar o fato para mudar a política de indicações, privilegiando a competência técnica e não o “padrinho político,” acrescentou.

Ainda na ala do DEM, o ex-deputado José Carlos Aleluia também ligou a problemática à gestão do PT.

O democrata disparou contra o governo Lula, citando que o apagão foi administrativo “quando as indicações para as empresas estatais de energia foram puramente políticas, sem levar em conta o mérito”.

Aleluia que em sua experiência no Executivo passou pela presidência da Chesf e pela direção da Coelba, disse que “o desligamento da linha de transmissão ou qualquer outro equipamento não deve provocar apagão, principalmente na dimensão em que se deu este, que prejudicou até o funcionamento do Polo”.

Integrante da bancada do governo no Senado, o petista Walter Pinheiro culpou a falta de planejamento da direção da Companhia como causa da pane.

Ele considerou “superficial” a justificativa da empresa e citou a possível negligência de outras companhias, a exemplo da Oi (telefonia). “Como sistemas tão sofisticados, no caso Oi e agora apagão, e cada vez mais recheados de inovação e avanços tecnológicos podem continuar pecando no quesito, antigo, rotas alternativas com remanejamento automático?”, questionou.

Pinheiro foi ainda mais longe ao lamentar a explicação de Mozart, que segundo ele, é um técnico e deveria prever tais falhas.

Segundo ele, a pior falha acontece na ausência de planos de contingência e sistema alternativos para a continuidade de serviços. “Foi esta a causa do apagão, pois além da queda em uma usina, como efeito dominó, houve quedas em outras unidades, quando deveria ocorrer o contrário.

O sistema atingido deveria ser isolado e sua base de cobertura deslocada para atendimento e manutenção dos serviços por outras usinas.

Era melhor assumir esta falha para corrigir, do que colocar a culpa em uma ‘peça’ que todos sabem que um dia vai falhar”, contestou o senador.

Fiscalização reforçada O porta-voz da Presidência da República, Rodrigo Baena, informou ontem que a presidente da República, Dilma Rousseff, determinou um reforço na fiscalização e manutenção do sistema de energia do país.

Um apagão entre a noite de quinta e a madrugada de sexta atingiu oito estados do Nordeste.

Dilma esteve reunida ontem com Lobão. “Desde cedo, [a presidente] determinou ao ministro de Minas e Energia as providências.

A presidente de nenhuma forma minimizou o problema, tanto é que determinou reforço na fiscalização preventiva e determinou ao ministro que reforçasse a manutenção do serviço. (…) Ela de fato ficou preocupada”, disse.

Segundo o porta-voz, a presidente pediu que Lobão determinasse às empresas geradoras de energia um reforço na manutenção do serviço na região Nordeste.

Além disso, de acordo com Baena, a presidente também solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para reforçar a fiscalização preventiva.

Ontem, o ministro Edison Lobão negou que tenha ocorrido sobrecarga do sistema. “Não há no mundo nada mais moderno que o sistema [ELÉTRICO]brasileiro”, disse.

Segundo ele, o sistema é “bom”, mas tem “falhas”.

De acordo com o ministro, o problema teria ocorrido em um componente eletrônico – chamado de cartela – que faz parte do sistema de proteção da subestação em Jatobá.

Como consequência, a subestação foi desligada, atingindo os sistemas das usinas de Xingó, Paulo Afonso e Luiz Gonzaga. “O sistema inteiro acabou se desligando como autoproteção”, afirmou Lobão.

A pane atingiu Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Sergipe, Piauí e Rio Grande do Norte. “Esses estados ficaram isolados do sistema”, disse o ministro.

O fornecimento de energia foi retomado durante a madrugada.

A falta de energia elétrica ainda causa transtornos a moradores de algumas áreas.

Em pelo menos três estados, o abastecimento de água foi afetado.