A responsabilidade do homem público, aquele que é gerente das ações que intercedem no cotidiano do povo, deveria superar sua vaidade, suplantar o parecer ser e, como regra ter como compromisso a verdade pura e cristalina.

Contudo, o que vemos na maioria dos casos e particularmente em Jaboatão dos Guararapes, é uma completa inversão de valores onde a verdade e os compromissos assumidos em declarações públicas passam ao largo da responsabilidade inerente ao cargo ocupado.

O avanço do mar em Jaboatão dos Guararapes tem se constituído em um problema dos mais complexos a ser enfrentado pelos poderes públicos.

Soluções há, desde o afastamento (leia-se: destruição) das edificações que se situam na beira-mar, até a intervenção física de engordamento da praia, passando pela contenção com pedras como paliativo ou solução temporária.

Diversas localidades no mundo passaram e passam por esse problema com tratamentos diferentes a depender de cada caso.

Fevereiro de 2011 chegou e com ele a esperança de se ver o início das obras que trariam a solução definitiva compreendendo a recuperação das praias de Piedade, Candeias e Barra de Jangada haja vista promessa do prefeito de Jaboatão dos Guararapes nesse sentido efetuada em 2010. “Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades, tudo é vaidade!”.

Ec. 1.2 Convém um rápido retrospecto.

Em Jaboatão dos Guararapes, o assunto “avanço do mar”, inicialmente levantado por moradores da beira mar, foi objeto de audiências públicas e de diversas reuniões com autoridades municipais e até atuações das promotorias no âmbito estadual e federal.

Diferenças à parte, obras de contenção do avanço do mar foram efetuadas, com objetivo único de proteger as edificações, isto é, que não resolveram o problema e, além de tudo, estão a exigir complementos com projetos que apresentem soluções de maior efetividade restaurando a orla marítima do município, tão importante para a segurança dos seus moradores e para a solidificação das praias como opção de lazer e turismo.

O filósofo argentino Jose Ingenieros já alertava: “Quem almeja parecer renuncia a ser”.

Esperava-se, com a alteração do prefeito de Jaboatão em janeiro de 2008, que o assunto fosse tratado de forma mais efetiva e, inicialmente, assim interpretou parte da coletividade que vem se preocupando com o assunto.

O próprio prefeito em reuniões públicas externou sua preocupação com o problema, prometeu solução - e aí vem a questão, em entrevista no programa “Bom dia Pernambuco”, antecipou que as obras se iniciariam em fevereiro de 2011.

Em 09/09/2010, o blog do Jamildo publicou: “O prefeito Elias Gomes já adiantou que neste mês será iniciada a licitação ao projeto executivo, com custo de, R$ 1 milhão e que deverá levar seis meses para ser concluído”.

Em 14/10/2010, também no blog do Jamildo foi publicado: “O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, nesta sexta-feira, às 9 horas, no gabinete do Prefeito-Palácio da Batalha, fará o lançamento do Projeto Executivo de Recuperação Costeira da Orla de Jaboatão dos Guararapes…”.

A licitação, de fato, só veio a ser realizada no dia 25/11/2010, não para a execução do projeto executivo, mas para a sua elaboração.

O contrato para a elaboração do projeto só foi assinado em fins de dezembro de 2010.

Assim, se tudo der certo a partir desta data, somente no fim de junho de 2011 é que ter-se-á o projeto executivo disponível.

Aí será necessária nova licitação para a execução da obra, que certamente demandará tempo, mas o suficiente para postergar o seu início e, ao mesmo tempo, servir de propaganda no ano eleitoral de 2012.

Pode-se concluir então que o que aconteceu em outubro de 2010 foi um denominado factóide, pois o prefeito não tinha ainda projeto algum para apresentar.

O prefeito almejou parecer e renunciou a ser.

Em face disso, a população da praia foi ludibriada e agora volta a temer as altas marés que ocorrerão em 2011, sem que as necessárias obras de contenção e recuperação tenham sido iniciadas.

Será mais um ano de apreensão explicado, talvez, apenas pela necessidade de suprir as vaidades do chefe da administração pública ou, talvez, pela própria incompetência da burocracia, ou ainda talvez, para fazer coincidir as obras com o ano eleitoral, ou tudo isto combinado.

Claro que o povo não é Deus.

Contudo convém lembrar ao chefe da municipalidade: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo.

Ele não se agrada de tolos, o que votares, paga-o.

Melhor é que não votes do que votes e não pagues”.

Ec. 5:4-5.

Melhor é não ser tolo.

José de Araújo Pereira Filho Morador de Candeias