Foto: Getty Images Ilton Caldeira, do iG O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, afirmou nesta segunda-feira em São Paulo que os interesses econômicos entre Brasil e Estados Unidos estão alinhados e que os dois países devem trabalhar em conjunto para para superar os desafios do atual momento que classificou como de transição na economia mundial.

Geithner também elogiou a condução da economia do País durante a crise financeira mundial, iniciada em setembro de 2008, e disse que o Brasil se firmou como umas das mais importantes economias do mundo. “O Brasil é uma potência econômica importante no cenário global.

Nossos laços econômicos estão se expandindo”, disse. “Quando a crise eclodiu, trabalhamos com estratégias coordenadas para recuperar o crescimento econômico”, afirmou.

Durante debate na capital paulista nesta segunda-feira com cerca de cem estudantes universitários e mediado pelo ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAESP-FGV), Geithner reforçou a necessidade de que países importantes para o cenario econômico global, como a China, façam uma transição para uma taxa de câmbio flutuante e citou como exemplo o sistema cambial praticado no Brasil, numa clara cobrança para que o país asiático promova uma valorização de sua moeda. “Melhoramos muito e superamos muitos desafios da crise econômica, mas ainda temos muitos outros desafios pela frente”, disse.

Sobre a guerra cambial e seus efeitos, Geithner afirmou que o Brasil enfrenta uma carga desproporcional de entrada de capital estrangeiro porque, segundo ele, outros países emergentes estão tentando sustentar moedas subvalorizadas e pediu que os emergentes com grandes superavits e câmbio controlado façam mais para reequililbrar a economia mundial. “Se países com grandes superavits agirem para fortalecer a demanda doméstica em suas economias, abrirem seus mercados de capital e permitirem que suas moedas reflitam fundamentos, nós veremos mais equilíbrio no fluxo de capital, menos pressão de alta na moeda brasileira e um crescimento mais robusto nas exportações do Brasil”, disse ele.

Sobre as propostas que devem ser debatidas no âmbito do G20, Geithner reafirmou a importância de uma convergência de propostas para reforçar o compromisso das principais economias com o fortalecimento do sistema financeiro. “Defendemos reformas que criem condições para uma melhor funcionamento do sistema financeiro global e das relações comerciais entre os paises”, afirmou.

No tocante ao G20, o Brasil e os Estados Unidos também já manifestaram posição contrária à defendida pelo presidente francês Nicolas Sarkozy, que atualmente preside o grupo, de regular os preços de produtos agrícolas com o objetivo de reduzir a forte oscilação da cotação das commodities no mundo.

Na parte da tarde, o secretário do Tesouro americano segue para Brasilia.

Na Capital Federal, Geithner tem reuniões agendadas com a presidenta Dilma Rousseff e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.