Da Época, com Agência Estado Prestes a assumir a presidência do Senado pela quarta vez, José Sarney (PMDB-AP) encerra nesta segunda-feira (31) sua atual gestão sem aprovar a prometida reforma administrativa na Casa.

Em 2009, no auge do escândalo dos atos secretos revelados pelo jornal O Estado de S.

Paulo, Sarney prometeu aprovar uma reforma interna e entregar uma Casa “modernizada”. “O Senado está cumprindo o que prometeu à nossa sociedade”, afirmou, em plenário, no dia 29 de outubro daquele ano.

Era uma resposta à avalanche de irregularidades reveladas na época, crise que levou a dez pedidos de processo por quebra de decoro parlamentar contra o senador.

A turbulência passou e as mudanças administrativas andam a passos lentos.

Por outro lado, os senadores ganharão um novo plenário após uma reforma - ainda não concluída - de R$ 5 milhões.

Anunciada com pompa, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi contratada para propor mudanças estruturais no Senado.

Recebeu, em um primeiro contrato em 2009, R$ 250 mil.

Uma recontratação pelo mesmo valor foi anunciada no ano passado.

Mas o projeto da entidade, que prevê corte nas chefias, entre outras medidas, não agradou a servidores e senadores.

Foi alterado e está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Em compensação, os funcionários ganharam novo plano de carreira em 2010.

Perderam gratificações, mas tiveram salários aumentados em 25%, na média.

A remuneração de um servidor pode chegar a R$ 24 mil.

Na prática, ninguém perdeu dinheiro.

O impacto desse reajuste deve ser de R$ 468 milhões na folha de pagamento de 2011, orçada em R$ 2,8 bilhões.

A presidência do Senado apresentou em dezembro um balanço em que comemora os dois anos de gestão de José Sarney à frente da Casa.

No documento, o senador exalta o que chama de “profundas transformações”. “Tivemos um aumento importante na eficiência da gestão da Casa, com racionalização das atividades e economia de recursos.

O Senado está organizado, batendo recordes em quantidade e qualidade de serviços, livre de problemas funcionais, com um plano de carreira implantado e o projeto de reforma administrativa em fase de aprovação”, disse Sarney, ao apresentar o material.

O balanço menciona a crise dos atos secretos e diz que o Senado tomou as devidas providências.

Em relação à reforma administrativa, o documento afirma que o estudo é “fruto de exaustiva discussão, que envolveu servidores, a direção da Casa e os senadores”.