Da Agência A Tarde SALVADOR – Um homem que confessou ter assassinado a ex-namorada no ano passado e que era alvo de um mandado de prisão preventiva deixou o Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, pela porta da frente, na manhã de ontem.

Rogério Mendes da Silva, 19 anos, foi liberado após se apresentar para uma audiência que foi adiada porque a juíza Rosana Passos faltou. “Isso é um absurdo.

Deu um baile na Justiça”, indignou-se o advogado do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca), Maurício Freire, que acompanha o caso.

Rogério afirmou ter matado a facadas a estudante Michele Gabriela da Silva Chaves, 14, em 4 de maio de 2010, no subúrbio ferroviário de Alto de Coutos, em Salvador.

Tudo aconteceu por volta das 11h, quando familiares da vítima e autor chegaram à sede da 2ª Vara do Júri, onde seriam ouvidos pela juíza.

Não demorou muito até que uma funcionária do cartório informasse que a magistrada não poderia comparecer. “A audiência foi remarcada para o dia 10 de fevereiro”, disse a servidora, dispensando Rogério.

O acusado, então, saiu às pressas.

Funcionários só se deram conta da ordem de prisão preventiva depois que o jovem já havia ido embora.

Membros do Cedeca chegaram a realizar buscas nos arredores do fórum, mas ele não foi achado.

Em resposta ao fato, a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça informou que, na tarde de ontem, uma equipe formada por um oficial de justiça e policiais militares foram até a casa do acusado para efetuar a prisão.

Também ressaltou que as prisões de acusados não devem ser feitas, obrigatoriamente, durante as audiências.

Até o início da noite, no entanto, ele continuava foragido.

Michele foi assassinada no dia 4 de maio do ano passado, quando já tinha marcado sua festa de 15 anos, que completaria um mês e meio depois.

O vestido estava comprado, o buffet encomendado, espaço locado e convites feitos.

A família da vítima só não esperava que ela fosse morta com dez facadas pelo ex-namorado, revoltado com o fim do relacionamento.

Com o pretexto de que precisavam conversar, Rogério pegou a menina no colégio.

O que a vítima não previa é que ele havia saído de casa com uma faca e, durante mais uma cena de ciúme, atacou Michele.

Ele foi preso momentos depois na casa de uma tia, no bairro do Uruguai, periferia de Salvador.

O crime revoltou a comunidade de Coutos que chegou a realizar uma manifestação, com pelo menos 500 pessoas, dias após o crime, quando circulou a informação de que ele seria solto. “E ele foi solto mesmo”, indignou-se Silvio Baptista, membro do Cedeca.

A prisão de Rogério voltou a ser decretada há duas semanas, depois que ele não compareceu a uma audiência. “Como acreditar em uma Justiça destas”, reclamou uma amiga da vítima, uma adolescente de 15 anos.