Por Jorge Santana e Severino Luiz de Araújo Pernambuco entrou no século XX, e assim permaneceu até os anos 50, como o estado mais industrializado e mais urbanizado da região Nordeste.
Chegara, porém, ao limite das suas possibilidades, estreitado pela concorrência da, então, moderna economia do Sudeste brasileiro.
O desafio foi enfrentado com medidas do âmbito do Estado e da política federal. É que a “política de desenvolvimento econômico para o Nordeste”, conduzida pela Sudene, objetivava modernizar a indústria tradicional e instalar um parque manufatureiro moderno e autônomo, na Região.
Teve início, então, um novo momento para a economia do Estado, centrado na convicção do papel dinamizador do setor industrial.
A fase duplamente modernizadora da indústria pernambucana, iniciada nos anos 60, promoveu uma vasta reestruturação das unidades tradicionais e, ao mesmo tempo, a implantação de projetos dos segmentos de produtos metalúrgicos, mecânicos, elétricos, eletrônicos e petroquímicos, dentre outros.
Infelizmente, durou pouco o surto de desenvolvimento desencadeado pelo novo modelo.
Seus quase 20 anos não bastaram para assegurar-lhe a complementação necessária e a consolidação desejada.
Nos 20 anos seguintes, patinou-se na busca de uma saída inovadora.
Foram tempos difíceis.
Sentia-se, por toda parte, ruir a autoestima do povo pernambucano.
Três esteios, porém, foram fincados, ao longo desse período: no campo, a fruticultura irrigada; nas cidades, o complexo turístico e hoteleiro; e, na infraestrutura econômica, os projetos da ferrovia transnordestina e, sobretudo, do complexo portuário e industrial de Suape.
Sobre esses eixos dinamizadores é que, hoje, se assenta a nova arrancada do Estado e uma nova era de esperança.
Desde o início do presente século, as lideranças políticas e administrativas de Pernambuco vêm realizando um raro trabalho de convergência em torno desses vetores, cuja energia criadora é canalizada para o atendimento das necessidades e expectativas da sociedade.
Destaque-se o fato de tal confluência gerencial e sócio-política, no âmbito estadual, vir acompanhada pela convergência de ações da União e do Estado.
Eis aí uma das bases da confiança da sociedade na sustentação do atual avanço.
Outra base consiste, objetivamente, no elenco dos projetos estuturadores em curso no Estado: Porto de Suape, Refinaria de Petróleo Abreu e Lima, Polo Petroquímico, Estaleiro Naval Atlântico Sul, Polo Farmacoquímico, Ferrovia Transnordestina, duplicação das BRs 101, 104 e 408, Transposição do Rio São Francisco e expansão do Polo de Vitivinicultura e da Cadeia Produtiva do Turismo.
Esperam-se desses investimentos a geração de um complexo sistema de atividades produtivas, o aumento do emprego e a melhora da sua qualidade, bem como ganhos de produtividade média da economia, expansão da demanda global, crescimento da receita tributária e dos serviços públicos e elevação dos padrões de qualidade da vida individual e coletiva.
Até onde a vista alcança, os projetos citados superam o montante de U$ 18 bilhões, estimados para o período de 2009 a 2012.
Contudo, mais importante do que esse volume de investimentos é a natureza e a configuração deles.
De fato, trata-se de iniciativas multiplicadoras de efeitos e concebidas sob a ótica de arranjos e cadeias produtivos, diversamente dos modelos anteriores, que apoiavam projetos isolados.
Agora, são eles avaliados por sua contribuição à rede de negócios que integram, mas também por seus papeis social e ambiental.
Está-se vivendo uma fase mais avançada de desenvolvimento, cercada de promissoras expectativas.
Estão sendo postos os fundamentos do desenvolvimento sustentável genuíno.
Mas, já se sente o impacto de tão expressivo esforço, no renovado ânimo do povo pernambucano.
Voltou-se a aspirar esperança.
Atente-se, porém, para o risco político de uma interrupção deste excepcional momento.
De modo que não custa advertir-se para a necessidade de a sociedade manter-se alerta e presente, em todos os lances em que, de algum modo, se decide o seu destino.
PS: Jorge Santana é geógrafo e Severino Luiz de Araújo é economista