Carlos Madeiro, do UOL O governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), vai levar uma proposta à presidente Dilma Rousseff para tentar conseguir recursos para reduzir a miséria nos Estados mais pobres do país.

A ideia que será apresentada prevê a devolução aos Estados com menores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos juros da dívida com a União, pagos mensalmente.

No caso de Alagoas, a dívida chega a R$ 7 bilhões. “Eu não vou pedir perdão nem renegociação da dívida.

Isso só poderá ser feito para todos os Estados.

O que vou pedir é que a presidente envie ao Congresso uma proposta de emenda constitucional estabelecendo essa devolução, que pegaria Alagoas, Piauí, Maranhão e talvez a Paraíba.

Seriam só esses Estados contemplados da seguinte forma: o governo federal devolve os juros da dívida pública, que são altíssimos, para que sejam investidos”, afirmou, citando que uma audiência já foi solicitada, mas ainda não foi marcada.

Em 2010, segundo o economista Cícero Péricles, Alagoas pagou em torno de R$ 450 milhões ao governo federal a título de juros.

Vilela explicou que ainda não conversou com os outros governadores interessados porque prefere primeiro ouvir a presidente Dilma. “No discurso de posse ela deu uma manifestação de vontade muito eloquente sobre a sua determinação de reduzir a miséria extrema no país.

Temos em Alagoas 26% da população em miséria extrema e metade da população abaixo da linha da pobreza.

Isso quer dizer que Alagoas é o foco da política que a presidente Dilma disse que ia fazer.

E essa minha proposta se encaixa no que a presidente quer”, assegurou.

O governador explicou ainda que a proposta prevê a definição de áreas específicas para investimentos dos valores. “O governo devolve na condição do Estado aplicar, com metas estabelecidas, em educação, saúde, segurança pública e infraestrutura.

Esse dinheiro seria aplicado nessas áreas, visando recupera terreno perdido e melhorar IDHs desses estados”, ressaltou Vilela.

Segundo o governador, apesar de compor um partido de oposição, o governo federal vem ajudando o Estado, e a nova presidente teria prometido um “tratamento diferenciado” a Alagoas.

Vilela garante que três ministros (das Cidades, Márcio Fortes; da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho; e da Justiça; José Eduardo Cardoso) já teriam adiantado o interesse de Dilma em ajudar Alagoas. “Eles têm me dito que a orientação da presidente Dilma é que a parceria com Alagoas se aprofunde e que ela dará tratamento diferenciado.

Ela sabe as dificuldades que Alagoas tem”, disse.

Vilela reclamou que os juros mensais cobrados pela União são muito acima dos praticados pelo mercado. “Para se ter ideia, é quase oito vezes maior que os juros pagos ao Banco Mundial.

Os juros cobrados pelo governo federal são muito altos.

Alagoas paga R$ 35 milhões por mês. É muito dinheiro e que nos faz falta”, afirmou.

Segundo o ex-secretário de Estado de Planejamento até 2010, Sérgio Moreira, Alagoas possui vários contratos de dívida que alcançam juros, em alguns casos, de 9% ao mês mais a inflação. “São os maiores juros pagos do país.

Isso acontece porque, na renegociação, Alagoas não conseguiu cumprir uma série de requisitos de contrapartida. É um juro punitivo, mas paradoxo ao mesmo tempo, pois pune quem menos pode”, afirmou.