Na Folha de São Paulo Ministro dos Portos do governo Dilma Rousseff, Leônidas Cristino (PSB), quando prefeito de Sobral (CE), gastou R$ 5 milhões na construção de uma Vila Olímpica na cidade, obra que leva o nome de “Ministro Ciro Gomes”.

Cristino deixou o cargo de prefeito em dezembro para assumir a pasta em Brasília sem concluir a obra -que vem sendo executada há cinco anos e já consumiu 77% dos recursos previstos.

O atual prefeito de Sobral, Veveu Arruda (PT), classifica a obra como “ousada” ou “uma alternativa caso o Rio de Janeiro não comporte os Jogos Olímpicos de 2016”.

Os recursos para a Vila Olímpica saíram dos cofres municipal, estadual e federal.

A maior parte, R$ 2,6 milhões, é proveniente de emendas ao Orçamento feitas por congressistas.

Durante a gestão de Cristino (2005-2010) foram construídos dois pequenos prédios com salas de aula, duas piscinas, uma plataforma para salto e arquibancadas.

Os pedreiros colocaram peixes nas piscinas para preservar os azulejos, diante da falta de previsão para inaugurá-las.

PISO GUARDADO O piso para a pista de atletismo também já foi comprado por R$ 1,1 milhão.

Chegou de navio do Canadá no ano passado, a dois meses da eleição estadual.

Está guardado numa sala, sem previsão para ser assentado.

Comprado com dispensa de licitação, é o mesmo usado nas pistas dos Jogos Pan Americanos de 2007.

A parte mais vistosa da Vila Olímpica é justamente o nome “Ministro Ciro Gomes”, pintado no muro que cerca o terreno de 60 mil m2.

A homenagem ao padrinho político de Cristino é vedada pela Constituição -em obras públicas não podem “constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades e servidores públicos”.

O juiz Jorge Di Ciero Miranda questiona a construção da Vila Olímpica: “É uma obra sem justificativa, sem transparência nem respeito ao cronograma.” Uma das empresas responsáveis pelo projeto, a Tecnocon Tecnologia em Construções Ltda., doou R$ 51 mil para a campanha de Cristino à reeleição em 2008.

Na cidade, a empresa é conhecida como “Tecnotudo” porque faz grande parte das obras do município.

Nos últimos três anos, recebeu R$ 21,6 milhões da prefeitura.

No ministério de Dilma, Leônidas será responsável por um setor que movimenta 700 milhões de cargas por ano e representa 90% do comércio exterior do país.

METRÔ Até o próximo ano, Sobral também deve ganhar um metrô.

A cidade não conta com transporte público -os moradores dependem sobretudo de mototáxi.

Mesmo assim, o governo Cid Gomes (PSB) abriu licitação para construir um metrô de superfície na cidade.

Fortaleza, capital do Estado, ainda não tem metrô. “O metrô é um absurdo.

Aqui as ambulâncias são aquelas Paratys bem antigas.

A Vila Olímpica é outro absurdo.

A obra não sai porque o nome dado a ela é muito pesado”, alfinetou o vereador Marco Prado (PSDB).