No R7 Preso desde 2007 no Brasil, o italiano Cesare Battisti qualificou como “ato de coragem” a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negar a sua extradição à Itália.
Em entrevista ao jornal Brasil de Fato que será publicada na próxima quinta-feira (28), Battisti disse que seu caso virou moeda de troca da política internacional e munição para atacar o governo federal. - Se o Lula desse essa decisão antes iam em cima dele, porque me derrotar também é derrotar o Lula.
Agora, o objetivo principal da direita brasileira, nesse caso, é afetar o governo Dilma.
Essa é a primeira vez que o ex-ativista fala após a decisão de Lula, que negou sua extradição em 31 de dezembro, alegando que o italiano poderia ter a “situação agravada” caso fosse entregue às autoridades de seu país.
A decisão de Lula foi tomada mais de um ano após o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizar, por cinco votos a quatro, a extradição do italiano.
A corte, no entanto, deixou a palavra final sobre o assunto para Lula.
Em outro trecho da entrevista, Battisti diz que está traumatizado com a indefinição sobre sua liberdade e que recorreu a um psiquiatra. - É difícil falar disso, essa é a razão pela qual fiquei traumatizado e precisei de um psiquiatra.
Só de ver alguma coisa que não tem muito diretamente a ver comigo eu já fico… meu coração dispara, já não me controlo, fico em um estado semi-consciente.
Ontem, por exemplo, passou no SBT uma informação do Berlusconi com suas prostitutas.
Só com o anúncio da notícia “Itália”, eu fiquei assim [TRÊMULO].
Fabricaram um monstro que não tem nada a ver comigo.
Battisti, de 56 anos, foi condenado à revelia por assassinatos na Itália na década de 70, quando fazia parte do grupo esquerdista PAC (Proletário Armado pelo Comunismo).
O ex-ativista nega todas as acusações.
Ele fugiu da Itália em 1981 para a França, que acolheu italianos sob a condição de que abandonassem a luta armada.