Da BBC Brasil Em meio a uma forte pressão inflacionária, o Banco Central do Brasil decidiu, nesta quarta-feira, elevar a taxa básica de juros do país (Selic) de 10,75% para 11,25% ao ano - ou seja, um aumento de 0,50 ponto percentual.

A reunião é a primeira realizada sob o governo da presidente Dilma Rousseff, além de também marcar a estreia de Alexandre Tombini no comando do Comitê de Política Monetária (Copom), instância do BC que decide os juros no país.

Com a elevação anunciada nesta quarta-feira, o Banco Central interrompe um período de seis meses de estabilidade na taxa, que permaneceu inalterada nas últimas três reuniões.

A elevação da Selic reflete a preocupação da autoridade monetária com a escalada inflacionária no país, puxada principalmente pela alta dos alimentos no mundo, mas também pela forte demanda interna, que pressiona preços de outros setores para cima.

No ano passado, o índice oficial da inflação no país (IPCA) subiu 5,91%, a maior alta dos últimos seis anos.

Para este ano, as estimativas continuam em alta: os economistas consultados semanalmente pelo Banco Central esperam um IPCA de 5,42% no acumulado até dezembro, mas já há quem fale em uma inflação de 6% em 2011.

Recado Além de servir como instrumento no combate à inflação, a decisão pela subida nos juros teria ainda uma outra motivação, segundo analistas: a de passar um “recado” ao mercado quanto à autonomia do Banco Central e reforçar o “compromisso” do BC no combate à inflação.

Os dois assuntos foram fortemente discutidos durante a campanha eleitoral, com questionamentos sobre qual seria o posicionamento da então candidata, Dilma Rousseff, nos principais assuntos macroeconômicos.

Na opinião do economista Rogério Mori, da Escola de Economia da FGV-SP, a elevação dos juros nesta primeira reunião do BC sob o governo Dilma tem um cunho “simbólico” ao passar uma “importante mensagem aos agentes de mercado”. “Esse aumento veio para segurar a inflação, mas também como uma importante sinalização aos mercados quanto ao compromisso do novo governo no combate à alta dos preços”, diz. “Existe aí uma forte conotação de recado, ou seja, de que o governo da presidente Dilma Rousseff não será tolerante com a inflação, como se chegou a cogitar”, acrescenta.