Julia Duailibi, do Estadão SÃO PAULO - Afastado do poder há 18 dias após passar a faixa para a sucessora, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, 18, estar em constante contato com a presidente Dilma Rousseff e com governadores.

Lula fez a primeira manifestação pública desde que entrou em férias após ter saído governo, ao visitar no começo da tarde o ex-vice-presidente José Alencar no hospital Sírio-Libanês, na zona oeste de São Paulo.

Ele conversou rapidamente com o Estado depois de deixar a suíte do 11.º andar, onde esteve por cerca de uma hora com Alencar, que passa por tratamento de quimioterapia para combater um câncer na região abdominal.

Vestindo calça e camisa claras, Lula desfilou pelo hospital abraçando as pessoas, na companhia do cardiologista Roberto Kalil e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Antonio Dias Toffoli, ex-advogado do PT.

Pelo menos, quatro seguranças, distribuídos em dois carros, faziam a escolta de Lula.

O ex-presidente não quis falar de política.

Questionado sobre a polêmica a respeito dos passaportes diplomáticos, concedidos para seus filhos e netos, Lula foi lacônico: “Quando eu voltar de férias, eu comento.” O ex-presidente, no entanto, falou sobre o estrago das enchentes na região serrana do Rio.

Disse que agora é “rezar para parar de chover”. “Vejo todo dia. É indescritível.

Acho que o povo do Rio não merecia isso.

Acho que o ser humano não merecia isso.

Lamentavelmente, mais uma vez aconteceu.

E nós precisamos trabalhar para isso não acontecer mais.

A minha solidariedade.” Indagado sobre o encontro que teve no domingo com a presidente Dilma em São Paulo, o ex-presidente afirmou que conversou com ela sobre a tragédia. “Tenho conversado por telefone com ela sobre esse assunto.

Ela me descreveu o que viu lá.

Acho que a região serrana não merecia isso, o povo brasileiro não merecia isso”, repetiu o petista.

Lula disse estar acompanhando os desdobramentos da tragédia e afirmou que já conversou “duas vezes” com o governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), e com o vice-governador, “companheiro” Luiz Fernando Pezão. “E agora é rezar para parar de chover para que a gente possa consertar, já que as vidas a gente não pode trazer de volta”, disse Lula, que no período de férias viajou pelo litoral e pelo interior paulista.