Ao chamar João Paulo para a briga, neste final de semana, um dia antes de reassumir a PCR, o prefeito João da Costa acabou antecipando em definitivo o debate municipal de 2012.
Para alguns, trata-se de erro grave de estratégia, pois o melhor a fazer seria cuidar da gestão, que ainda não conta com uma boa avaliação.
O que intriga saber é se João da Costa conta com o aval da Unidade na Luta.
Sabe-se que a sugestão era no sentido de apresentar propostas para melhorar a gestão e não buscar o confronto já.
A saída do PTB, logo no primeiro dia de sua volta, é uma prova de que o partido de Armando Monteiro Neto será um dos grandes precursores da campanha, pela esquerda, ao lado do PSB.
Já havia chamado a atenção da mídia local a convocação de uma confraternização no mesmo dia do beija-mão do palácio, numa espécie de demarcação de espaço com o socialista.
Haverá racha na frente popular?
A conferir.
Enquanto isto, vale a pena ler o comentário pessoal do colunista do JC.
João precisa esquecer João Por Fernando Castilho, na coluna JC Negócios Refeito de suas condições de saúde e tendo a oportunidade de refletir sobre si e sobre a cidade, o prefeito João da Costa poderia aproveitar as expectativas positivas de seus munícipes para seus dois últimos anos de gestão e criar o fato político de que agora faria diferente.
Mas na volta ele preferiu o caminho da polêmica com seu antecessor, antigo líder e padrinho político João Paulo, acendendo um debate que não interessa à cidade e ao seu campo político, embora fortaleça a oposição.
João da Costa sabe melhor do que ninguém que, hoje, a chance do ex-prefeito João Paulo ser candidato a prefeito do Recife pelo PT é próxima de zero.
Porque ele e o senador Humberto Costa controlam o diretório municipal, que decidirá quem vai à disputa.
E sabe que João Paulo é suficientemente perspicaz para não embarcar na aventura de sair do partido, uma vez que não teria qualquer garantia de que seria candidato a prefeito em 2012.
Portanto, o debate não existe senão no campo das hipóteses.
O problema é que João da Costa teima em recolocar o assunto e esquece sua cidade.
Governar o Recife, do ponto de vista financeiro, não é problema.
Basta ver as planilhas do secretário Marcelo Barros e ver que o desafio hoje é gerar projeto para captação de recursos, uma vez que a Prefeitura tem capacidade de alavancagem e endividamento.
Mas precisa mudar o jeito de faze-lo.
Não precisa inventar, basta, como diz a sabedoria popular, “botar sentido”.
Visitar, inspecionar e cobrar celeridade das ações de governo de seus auxiliares.
Exige “assustar” os empreiteiros e prestadores de serviço indo a todos os locais onde tem obra, se articulando apenas com a comunidade.
Não é difícil, mas dá trabalho e exige determinação.
João da Costa tem neste momento a boa vontade da cidade, que se emocionou com sua luta pessoal contra a doença.
E deve aproveitar isso para dizer a que veio.
João Paulo deixou de ser prefeito no dia 31 de dezembro de 2009.