Por Evandro Éboli, em O Globo.com Em seu discurso de posse, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fez questão de ressaltar sua condição de “ministro tuiteiro, que explora a rede social”.

Mas Padilha não está sozinho.

Pelo menos dez outros ministros do governo Dilma - uns com mais, outros com menos comedimento - usam a ferramenta.

Mas Padilha é daqueles que fazem uso desmedido do Twitter, onde posta não só sua agenda de trabalho mas informações da vida privada, tipo: “vi minha foto no Hemorio (onde doou sangue semana passada).

Preciso praticar exercícios também” - postou o ministro da Saúde, numa referência à sua forma física.

Dos 11 ministros que recorrem ao hábito do Twitter, nove são do PT.

Outro viciado nessa rede é o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que faz do espaço uma extensão de sua cozinha, como na manhã de domingo: “Estou preparando um molho para macarrão…1 cebola, 1 cabeça de alho, 1 pimentão.

Refogue”.

No mesmo espaço, mais tarde, ele informava que mantinha contato com o ministro da Educação, Fernando Haddad, para tratar de questões do Sistema Unificado de Seleção (Sisu), que enfrentou problemas.

Em função da nova missão, de ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo agradece as mensagens postadas, mas ressalta que “agora, como ministro, devo conversar um pouco menos por aqui”.

O que, de fato, ocorreu.

Cardozo não tem recorrido à rede com frequência, ao contrário de Paulo Bernardo e Padilha.

Garibaldi Alves, da Previdência, além de toda sua agenda, inclui fotos de seus eventos no Twitter: como sua participação na procissão de Santos Reis, em Natal.

As ministras são mais contidas e mais sóbrias.

Ana de Hollanda, da Cultura, não é uma tuiteira contumaz.

Suas intervenções são poucas e envolvem questões de trabalho. “Quero voltar em momentos mais alegres.

Hoje viemos em missão de solidariedade, para ajudar Goiás Velho”, afirmou numa visita à histórica cidade goiana, castigada pelas chuvas.

Helena Chagas, de Comunicação Social, usa o espaço para dar esclarecimentos sobre a presidente: “Pessoal, só esclarecendo: a presidente Dilma não tirou o crucifixo da parede de seu gabinete”, escreveu, em relação ao noticiário envolvendo mudanças que Dilma fez no gabinete presidencial.

Mas também rebate algumas provocações: “não vejo incompatibilidade em ser jornalista e ministra”.

Mas informações demais no Twitter podem virar contra o tuiteiro.

Foi o caso do próprio Padilha.

Pela rede, foi possível descobrir, durante a campanha eleitoral, que ele, então ministro de Relações Institucionais, estabelecia uma agenda casada de visita a obras e reuniões do chamado conselhão, com a da então candidata Dilma.

Nesta segunda-feira, também pelo Twitter, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), reclamou da pecha de fisiologismo imposta a seu partido, mas acabou expondo a insatisfação da bancada com a baixa ocupação nos cargos comissionados no Ministério da Saúde.

Segundo o deputado, dos 1.262 cargos comissionados da pasta, apenas dois foram preenchidos por indicação da bancada do PMDB da Câmara.

Ele acrescentou ainda que essas indicações teriam sido feitas apenas nos dois últimos anos do governo Lula.

Em tom de desabafo, o líder peemedebista começou escrevendo: “Boa tarde!

Passo a vocês dados e fatos fundamentais para desmistificar a falácia sobre as indicações do PMDB da Câmara junto ao Min. da Saúde”.

Logo em seguida, acrescentou: “O Ministério da Saúde possui 1.262 cargos comissionados.

Destes, apenas dois foram indicados pelo PMDB da Câmara…

Apoiamos a nomeação do ex-secretário de atenção à Saúde Alberto Beltrame e do seu chefe de gabinete.

Ambos com excelente currículo, com perfil adequado aos critérios técnicos exigidos.

E desenvolveram uma gestão de qualidade”.