Por Vanessa Dezem, no Valor.com Diante do crescimento da renda, os consumidores brasileiros tendem a gastar mais em itens não essenciais e continuam poupando pouco.

A conclusão é de um estudo do Credit Suisse, que abordou os países integrantes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China), além do Egito, Indonésia e Arábia Saudita.

Segundo a pesquisa, o Brasil está mudando seu perfil de consumo, caminhando para o perfil descrito nos países desenvolvidos.

O foco dos brasileiros em itens, como o consórcio de veículos e os empréstimos para aquisição de veículos, por exemplo, estão entre os mais altos dos países analisados.

Os investimentos em ativos fixos, como os imóveis, também são prioridade no país. “O que é interessante é que no Brasil a renda per capita esta chegando a US$ 1.000 por mês e esse perfil de consumo muda, saindo de produtos necessários para os úteis, mas não necessários.

Estamos próximos do perfil dos países desenvolvidos, mas não estamos lá ainda”, afirma o responsável por pesquisa e estratégia do Credit Suisse, Andrew Campbell.

Os cuidados com a saúde são outro destaque do estudo.

No Brasil, as famílias destinam 9,8% da sua renda para o setor, o porcentual mais alto da pesquisa.

O país é seguido pelo Egito, com 7,1%, e China, com 5,7%. “Nós notamos que esse resultado não é espelhado nos baixos gastos governamentais com a saúde, que somam 3,5% dos gastos públicos no país.

O gasto privado pode ser um reflexo de problemas de qualidade nos serviços públicos, percepção que não é exclusiva do Brasil”, pondera a pesquisa.

O estudo atribui à memória da inflação a baixa poupança do brasileiro.

Como proporção da renda, a poupança do consumidor no país fica no patamar de somente 10%, enquanto na Rússia, fica em 13%, na Índia 17% e na China 31%.

A pesquisa lembra, no entanto, que há diferenças estruturais entre os países, que interferem neste número: o Brasil possui um sistema previdenciário bem estabelecido, enquanto na China, por exemplo, ele é pouco desenvolvido.

Por outro lado, as perspectivas para a renda do brasileiro são positivas.

A pesquisa indica que um crescimento real ocorrerá em todos os grupos de renda nos próximos 12 meses.

Os números variam entre crescimento da renda real de 5% para os grupos de renda mais baixa e mais de 12% para a faixa de renda mais alta.

Esse avanço na renda é um dos fatores que tem impulsionado o ânimo dos brasileiros, os consumidores mais otimistas, de acordo com o estudo.

Quando questionados sobre a possibilidade de uma melhora em suas finanças pessoais nos próximos seus meses, 63% dos brasileiros foram afirmativos com relação a essa expectativa.

Para o estudo, o Credit Suisse contratou a companhia de pesquisa de mercados AC Nielsen, Foram feitas 120 perguntas sobre 11 assuntos diferentes, para cerca de 13 mil homens e mulheres de locais e níveis de renda diferentes.