Por Gilvan Oliveira, no Jornal do Commercio O prefeito do Recife, João da Costa (PT), reassume o cargo amanhã prometendo mudar a gestão e a postura na busca por reverter um baixo índice de aprovação – apontado em recente pesquisa Datafolha – e de olho na reeleição.
Restabelecido da insuficiência renal, o petista, antes mais dedicado aos despachos no gabinete e a reuniões internas, afirma que na segunda metade do mandato ganhará as ruas “praticamente todos os dias” para vistoriar obras projetadas nos dois primeiros anos de governo, e que agora estão na fase de implementação. “A gente terá uma agenda mais fora que dentro da prefeitura”, avisou o prefeito, em entrevista na última quinta-feira na ampla e confortável casa onde mora no Bairro de Apipucos.
As agendas externas do prefeito terão como objetivo também dar mais visibilidade às obras projetadas por sua equipe no primeiro biênio de mandato. “Temos muito o que visitar porque tem muito sendo feito na periferia da cidade.
Muitas vezes não sai nos jornais, mas a gente vem trabalhando muito.
Só de obras do Orçamento Participativo são 130.
Em Santo Amaro, por exemplo, são 88 pequenas ruas onde estamos concluindo saneamento, tem duas unidades de saúde para entregar, o que nos permite priorizar a rua praticamente todos os dias”, reforçou. » VEJA TAMBÉM: Coliseu: Colunistas do JC comentam a volta de João da Costa João da Costa retorna 101 dias depois de se licenciar do cargo para se submeter a um transplante renal.
Tanto a cirurgia quanto a recuperação dele foram bem sucedidas.
A volta acontece menos de um mês depois de o Datafolha divulgar uma pesquisa que apontou uma discreta melhora na nota da sua gestão em relação à pesquisa anterior, de julho, mas com baixo índice dos que a consideram ótima ou boa.
A gestão obteve nota média 5,4 em dezembro contra 5,3 em julho.
O índice de ótimo e bom, no entanto, caiu de 30% para 24%, e o de ruim e péssimo aumentou de 31% para 34%.
O prefeito garante que não está incomodado com os índices.
Admite, porém, que avaliações internas indicam a necessidade de mudar algumas áreas da gestão – só não revela quais.
Fevereiro é o prazo que o prefeito estabeleceu para passar a petistas e aliados quais mudanças ele pretende imprimir.
Das conversas podem surgir mudanças no secretariado e até mesmo mexidas no espaço político de cada partido na gestão.
Neste primeiro semestre de 2011, Costa vai priorizar o andamento na execução de projetos de grande porte, que foram captados na primeira metade de sua gestão, caso da Via Mangue, do Capibaribe Melhor, o PAC-2, a conclusão do PAC-Beberibe e do PAC-Caxangá, o Prometrópole e o convênio com o governo do Estado para construção de 20 Academias da Cidade. “O trabalho focado agora será na execução”.
Uma das obras que ele promete entregar em março é o Parque Dona Lindu, em Setúbal.
O prefeito disse que o ex-presidente Lula será convidado para a inauguração, bem como todos os que estiveram direta ou indiretamente envolvidos com o projeto, entre eles seu antecessor, João Paulo (PT), com quem está politicamente rompido.
CONFIRA A ENTREVISTA DE JOÃO DA COSTA A GILVAN OLIVEIRA “Toda gestão precisa sempre melhorar” Em casa, aproveitando os últimos dias de licença para se recuperar de transplante renal, João da Costa concedeu esta entrevista ao JC, onde diz que mudanças na gestão serão motivadas por seu monitoramento interno, não por pesquisas.
Ele também comenta as discordâncias entre prefeitura e Tribunal de Contas sobre o edital da principal obra viária da gestão: a Via Mangue. “A gente tem feito a nossa parte”, disse.
JORNAL DO COMMERCIO – O relatório de avaliação de desempenho da gestão que o senhor tem bate com os números de pesquisas divulgados pela imprensa?
JOÃO DA COSTA – Há uma tentativa de não avaliar de forma correta os números do Datafolha.
Tive 5,3 em julho e 5,4 em dezembro, então há um aumento da nota (média).
O que houve foi uma variação entre o ótimo e bom e o regular: aumentou o regular e diminuiu o ótimo e bom.
Quem quer fazer uma imagem negativa da gestão está se apegando aos 24% (de ótimo e bom, que eram 30% em julho), na verdade, há um direcionamento desta interpretação.
Estou muito tranquilo.
Acho que vamos evoluir muito bem nesse processo de pesquisa e avaliação da população, porque agora no terceiro ano vamos colher muitos resultados dos dois primeiros anos.
Conheço muito bem essa história: fui da primeira gestão de João Paulo (2001-2004) – no terceiro ano ele tinha nota 4,4 e 56% de rejeição.
Mas ele disputou a reeleição e ganhou no primeiro turno.
Não tem ansiedade de nossa parte.
O que tem é movimentação de adversários querendo encerrar a gestão em dois anos, mas a população não participa desse movimento.
JC – Mas se o senhor indica mudanças é porque tem alguma coisa que o senhor não está satisfeito?
COSTA – Qualquer gestão precisa sempre melhorar e ter uma melhoria de desempenho.
Veja bem, Eduardo (Campos) teve 88% de aprovação e não fez mudanças?
Evidentemente que a gente precisa melhorar em algumas áreas que talvez não tenha tido um desempenho satisfatório, não é apenas uma avaliação pessoal do prefeito: é visto pela cidade.
Isso não significa necessariamente mudar o secretário.
A gente tem que ver a estrutura da secretaria, fazer um balanço mais geral para que não se cometa injustiça com quem se dedicou e teve compromisso. Às vezes você enfrenta uma dificuldade que não é da governabilidade do secretário.
JC – O senhor vai, então, chamar secretário por secretário para cobrá-los?
COSTA – Primeiro vou conversar com os partidos.
Evidentemente que a gente vai ver esse balanço, mas temos uma avaliação desses dois anos à frente da prefeitura.
Vamos dar início, a partir de segunda-feira (amanhã), a uma série de conversas com aliados para colocar para eles a avaliação que tenho e o que pode ser feito para melhorar a avaliação da prefeitura.
JC – O senhor disse que iria priorizar a Via Mangue, cuja a abertura da licitação está marcada para o dia 19.
Mas o Tribunal de Contas do Estado fez exigências de mudanças no projeto.
Elas foram atendidas?
Isso já foi superado?
COSTA – A gente tem feito a nossa parte: nós brigamos em Brasília por estes recursos.
Conseguimos liberar um financiamento expressivo, que nos permite realizar a Via Mangue, preparamos o projeto, fizemos audiência pública e todo um debate com o Ministério Público, que fez sugestões e foram acatadas por nós.
Fomos seis meses antes (da abertura da licitação) conversar com o TCE para dizer que queríamos um trabalho de cooperação junto com o tribunal, e entregamos a cópia do edital em outubro.
O TCE fez um relatório com várias sugestões, acatamos muitas delas e republicamos o edital em dezembro, marcando a abertura dos envelopes para o dia 19.
Temos mantido um contato permanente com o TCE e acreditamos que, com as medidas que foram tomadas e o acatamento de sugestões, nós podemos realizar uma licitação agora em janeiro.
JC – Foram muitas as sugestões do tribunal acatadas?
COSTA – Têm algumas que são uma questão só de esclarecimento. (…) Alguns pontos que o TCE sugeriu que achávamos que poderiam ser acatados, nós acatamos.
O edital foi republicado e mais uma vez entregue ao TCE e nós esperamos que todo o processo – construído por iniciativa nossa, que procuramos o tribunal –, faça com o que essa obra possa ser licitada para este ano e a gente comece a Via Mangue, já que nosso prazo é terminar a obra em setembro ou outubro de 2013.