Do Jornal do Commercio Mais um serviço de internamento em psiquiatria será desativado no Estado.
A Secretaria de Saúde do Recife anuncia para a próxima terça-feira o início do fechamento do Hospital Psiquiátrico de Pernambuco (HPP), que funciona em Boa Viagem com 370 leitos.
A partir dessa data, a unidade deixará de receber novos pacientes e os que lá se encontram serão devolvidos, gradativamente, às famílias ou encaminhados para residências terapêuticas.
Paralelamente à medida, a prefeitura vai lançar o projeto de um centro de convivência, o primeiro da cidade voltado à reabilitação social de pessoas com transtorno mental.
A redução de internação e a implantação do centro dão andamento à reforma psiquiátrica, exigida pela luta antimanicomial.
Na próxima semana, a prefeitura também vai oficializar o fechamento do Instituto de Psiquiatria do Recife (IPR), que funcionava na Avenida Conde da Boa Vista, no Centro.
Há oito anos, o casarão chegou a manter 800 internos, número reduzido, antes da desativação, a 287.
Desde dezembro, nada mais funciona no local.
Um saldo de 54 pacientes – 24 do IPR e 30 egressos do Hospital Alberto Maia, de Camaragibe, que não voltaram para casa – é mantido numa unidade de saúde particular, conveniada ao SUS. “Em 2010 reduzimos as internações em 20%”, calcula o secretário de Saúde em exercício, Tiago Feitosa.
Segundo ele, a proposta é instalar um segundo centro de convivência ainda este ano.
O primeiro ficará na Várzea, Oeste do Recife, para atendimento a moradores dos distritos 4, 5 e 6, que compreendem localidades ao longo da Avenida Caxangá, Zona Sul e Afogados.
Segundo a gerente de Atenção à Saúde Mental do Recife, Alyne Lima, no novo espaço serão oferecidas oficinas de artes e profissionalizantes.
ACOLHIMENTO A proposta é que o centro acolha o público em meio turno.
Os frequentadores serão acompanhados por terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros.
O lançamento do centro será durante visita do psiquiatra Ernesto Venturini, consultor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), colaborador da reforma psiquiátrica italiana, que inspirou outras iniciativas, como a brasileira. “Nossa reforma caminhou muito, mas durante um tempo descuidou da clínica.
Nesse momento estamos voltando a fortalecer a clínica e com isso encantamos novamente os profissionais”, diz a gerente de Saúde Mental.
A passagem de Venturini pela cidade tem a ver com esse momento. “Precisamos discutir lacunas da reforma, como o melhor espaço para portadores de transtornos de personalidade ou de déficit intelectual”, explica Alyne.
Muitos desses pacientes exigem atenção mais intensiva, por serem inquietos e de difícil socialização. “Precisamos definir se o melhor é mantê-los em residências terapêuticas ou encontrar outra solução”, diz.
Na cidade ainda são mantidos outros três hospitais psiquiátricos.
Há 17 Caps (seis deles para usuários de álcool e drogas) e 11 residências terapêuticas.
Estão previstos a abertura de quatro novas residências e o atendimento 24 horas em quatro Caps, que desde novembro passaram a funcionar também com plantões em fim de semana e feriado, em Afogados, Boa Viagem, Tamarineira (Av.
Norte) e Campo Grande.
A capital só tem um centro com emergência 24 horas, na Imbiribeira.