Do Jornal do Commercio No mesmo dia em que o PMDB fez uma reunião para acalmar a bancada e anunciar apoio à candidatura de Marco Maia (PT-RS) para a presidência da Câmara dos Deputados, o PTB deu um ultimato ao governo federal: através de nota oficial, o líder trabalhista na Casa, deputado Jovair Arantes (GO), mandou duros recados ao Executivo e listou uma série de exigências para apoiar o candidato petista.
Mais: deixou claro que, no caso de o partido não ser atendido em suas solicitações, lançará o pernambucano Sílvio Costa na disputa pela presidência.
Na nota, Arantes afirma ser favorável à retomada do bloco envolvendo nove legendas, incluindo PT, PMDB, PP, PR e o próprio PTB, entre outras.
No entanto, para aceitar a candidatura única de Maia, o partido quer a 4ª secretaria da Casa, que seria ocupada pelo deputado Nelson Marquezelli (SP), e a manutenção da presidência da Comissão de Trabalho.
Em um dos trechos mais duros, a nota reclama da ingerência do Poder Executivo no Parlamento. “O PTB entende que o debate para a eleição da mesa (diretora) não pode ser confundido com o debate da governabilidade. (…) Os poderes são harmônicos e independentes, por isso soa estranho que o Executivo adie o debate sobre a indicação dos cargos para o segundo escalão: é uma clara ingerência do Poder Executivo com o Parlamento brasileiro.” Por fim, alerta que, caso os espaços pretendidos não sejam atendidos, “temos opções de candidaturas à presidência, inclusive a candidatura do nosso companheiro de partido, deputado Sílvio Costa”.
O parlamentar pernambucano agradeceu “a lembrança” de seu nome pelo líder do partido e ressaltou que, mesmo o PTB tendo oficialmente apoiado o tucano José Serra na eleição para a Presidência da República, a grande maioria dos deputados votaram na presidente eleita Dilma Rousseff. “Eu quero agradecer ao líder Jovair Arantes a lembrança ao meu nome, o que, modéstia à parte, prova que tenho uma presença na Casa.
O que nós queremos é preservar nossos espaços na Câmara.
Eu entendo que o PTB não tenha direito de cobrar ministérios, mas, mesmo o presidente (do partido) Roberto Jefferson tendo apoiado Serra, ele liberou os deputados, que, em sua maioria, votaram em Dilma.
E somos 22 deputados.
Por isso, temos direito de lutar por nosso espaço”, argumentou Sílvio.
TRÉGUA O governo, por sua vez, não ficou parado e, em uma série de reuniões, tentou conter desentendimentos entre PT e PMDB.
Ao menos nos discursos, os partidos selaram trégua e decidiram acertar, conjuntamente, nomes para o segundo escalão do Ministério da Saúde, foco da disputa aliada.
A disputa por cargos criou instabilidade na estreia de Dilma Rousseff no gabinete presidencial.
Em contrapartida, o PMDB comprometeu-se a apoiar a candidatura de Marco Maia à presidência da Câmara, além de não formalizar um bloco parlamentar com o PP, PR, PTB e PSC, que teria 202 deputados e condições de dominar os principais cargos na Casa – como vinha sendo trabalhado pela legenda.