Do Jornal do Commercio Ao ponderar que o segundo governo está só começando, o vice-governador João Lyra Neto (PDT) argumentou que não está se sentindo desprestigiado pelo governador Eduardo Campos (PSB).
Mesmo sem estar no time de secretários, sem ter feito o sucessor na pasta da Saúde e sem nenhum outro representante do PDT no primeiro escalão, o vice afirmou que está “confortável, satisfeito e animado” para colaborar com Eduardo.
E disse que está “disponível” para assumir qualquer tipo de missão que o socialista possa delegar a ele nos próximos quatro anos. “Não cabe ao vice desempenhar nenhuma outra função que não a de vice.
Em nossa relação há confiança.
Sou parceiro de Eduardo.
Continuo participando do núcleo de gestão, formulando e debatendo as ações do governo.
Não fui candidato à reeleição para ser secretário.
Estou sempre à disposição”, explicou o pedetista.
Lyra Neto reconheceu que não é o candidato natural à sucessão de Eduardo em 2014.
Como o governador não pode disputar a terceira eleição sucessiva para o Palácio do Campo das Princesas, terá que lançar um outro nome. “Quando me convidou a permanecer na chapa (no ano passado), Eduardo não falou em 2014.
Fui eu quem disse que mesmo que ele assumisse o governo em 2014 - se fosse se afastar e não concluir o mandato -, a coordenação da sucessão seria dele.
Não seria minha”, falou.
Ele se referiu à hipótese de chefiar o Executivo, caso Eduardo optar por abrir mão do fim do mandato para concorrer a algum cargo eletivo na eleição de 2014.
Apesar de fazer essa especulação, o pedetista frisou que é prematuro falar sobre 2014 agora. “Têm muitos fatores que irão influenciar, como as circunstâncias políticas e o governo da presidente Dilma Rousseff.
Agora, tudo é especulação.
A sucessão é de Eduardo, ele vai comandar a escolha.
Não estou me sentindo desconfortável”.
João Lyra Neto negou que a escolha da filha Rachel Lyra, deputada estadual eleita, para a Secretaria da Criança e Juventude tenha sido para afagá-lo. “Não foi para me contemplar.
Eduardo conhece Rachel.
Trabalhou com ela por três anos na procuradoria.
Escolheu por sua capacidade”, afirmou.
O vice-governador relatou que não ficou chateado com o fato de Eduardo Campos não ter mantido a sua equipe na Saúde nem tê-lo consultado antes da escolha de Antonio Figueira, que está comandando a pasta. “Assumi a Saúde para fazer uma reestruturação e fiz.
Não fiquei chateado com as mudanças.
Eduardo mudou todo o governo”, ponderou.
E complementou: “Não perdi espaço.
Assumi a Saúde por uma necessidade.
Esse governo está com o modelo de gestão consolidado. É uma outra fase”.
Em relação ao PDT, também não contabiliza que a legenda encolheu em importância na segunda administração de Eduardo Campos.
Isso porque a agremiação tem o vice e o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Guilherme Uchoa. “Não é que o presidente do Legislativo seja da cota do governo, não é Executivo, mas é um prestígio para o partido.
Tem sido um importante parceiro (para Eduardo)”, falou.
Uchoa é o único parlamentar do PDT no Legislativo.
Mesmo assim, ficou com a presidência por interferência do Palácio.