Sheila Borges, do Jornal do Commercio Depois de receber missões importantes na primeira gestão, João Lyra Neto (PDT) inicia o segundo mandato cumprindo, estritamente, o papel constitucional de vice-governador: o de representar ou substituir o governador reeleito, Eduardo Campos (PSB), quando for necessário.

Mesmo com a escolha de sua filha, a deputada estadual eleita Rachel Lyra (PSB), para o comando da nova Secretaria estadual da Criança e da Juventude, o vice-governador perdeu espaço e poder.

A escolha de Rachel não deixou de ser um “afago” no ego do vice, afinal a filha é a sua sucessora política e já desponta como pré-candidata à Prefeitura de Caruaru em 2012.

Mas o gesto de Eduardo também é creditado à estratégia política de abrir espaço para os aliados na Assembleia Legislativa.

Lyra Neto também não conseguiu manter a sua equipe em uma das principais pastas do governo: a de Saúde.

Em uma confraternização com a cúpula da secretaria, no final do ano passado, revelou que iria pedir ao governador que mantivesse o grupo.

Eduardo, porém, preferiu mudar e colocar à frente da pasta Antonio Figueira, que presidiu o Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip).

Essa entidade é responsável pelo gerenciamento dos hospitais Miguel Arraes, Dom Hélder Câmara (os novos construídos pelo atual chefe do Executivo na Região Metropolitana do Recife) e Dom Malan (Petrolina) e de quatro Unidades de Pronto Atendimento (Upa).

Quando saiu da pasta para disputar a campanha de reeleição, Lyra deixou em seu lugar o secretário executivo, Fred Amâncio, uma espécie de adjunto, que manteve a equipe convocada pelo vice.

Amâncio agradou ao governador, mas foi deslocado para Suape.

Agora, Amâncio faz parte do grupo ligado ao secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Júlio.

Nos bastidores, Lyra Neto ficou chateado porque o governador não o consultou sobre a escolha de Figueira para a Saúde.

O pedetista conseguiu, contudo, assegurar a permanência de um fiel aliado: o presidente do Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe), Luciano Vasquez.

João Lyra Neto, inclusive, correu o risco de não integrar a chapa de reeleição no ano passado.

Desde aquela época, ele não é considerado, pelo núcleo forte de Eduardo, como o nome ideal para ser trabalhado com o objetivo de suceder o socialista em 2014.

O atual governador não pode concorrer ao terceiro mandato consecutivo.

Eduardo pensou em outras opções, mas terminou mantendo o pedetista por suas qualidades: é discreto e leal.

Esse momento de dúvida do governador contribuiu para fragilizar a imagem de Lyra Neto dentro da própria equipe.

O PDT, sigla do vice, também perdeu espaço no primeiro escalão com a saída de Roldão Joaquim da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.

Pasta que, na atual gestão, ficou com o PSB.

O governador convocou a deputada estadual eleita Laura Gomes, esposa de Jorge Gomes e socialista ligada ao grupo dos históricos da agremiação.

Agora, no primeiro time, o PDT conta apenas com o vice.

Apesar de perder esses espaços, o vice-governador continua integrando o grupo que acompanha o monitoramento das ações do governo, que cobra a execução das metas estabelecidas por Eduardo.