Gilvan Oliveira, do Jornal do Commercio O deputado federal Inocêncio Oliveira (PR) é o melhor exemplo do que, em política, se convencionou apelidar de “parlamentar guardanapo”.
Está sempre na mesa.
Neste caso, na mesa diretora da Câmara Federal.
Em meio à possibilidade de bate-chapa na base do governo pela presidência da Casa, o deputado pernambucano – hoje na 2ª secretaria – surge como o nome do PR para mais um biênio (o oitavo dele) no colegiado. “Acho que sou o político que mais presidiu sessões na Câmara.
Se for contar quantas foram, entro para o Guinness”, brincou ele, querendo registrar sua vaidade no livro dos recordes pelo gosto que tem em comandar as reuniões.
Um dos articuladores da reeleição do deputado Marco Maia (PT-RS) à presidência da Casa, Inocêncio – com a experiência de quem vai para o décimo mandato parlamentar consecutivo – não acredita na possibilidade de mais de dois candidatos da bancada governista. “De todos esses nomes que surgiram nos últimos dias, o único que pode se lançar (contra Maia) é o Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que já foi presidente.
Por isso, tem trânsito.
Tem o apoio de parte do DEM e PSDB.
Recentemente, foi o relator do Código Florestal e ganhou simpatia da bancada ruralista”, avalia.
Na última semana, até o deputado Sandro Mabel (PR-GO) foi ventilado para a presidência, na eleição prevista para o início de fevereiro.
Mas Inocêncio, médico por formação e político por vocação, desacredita na verdadeira intenção do correligionário. “Ele não sairá candidato.
Não há chances”, assegura.
Na defesa de Maia, Inocêncio prega a tese da proporcionalidade, segundo a qual as maiores bancadas ficam com os melhores espaços. “Fui escolhido por unanimidade para representar o partido.
Vamos esperar a proporcionalidade para saber qual espaço cabe ao PR”, diz, acreditando que permanecerá como 2º secretário.
Em 2010, o PR elegeu 41 deputados federais para a próxima legislatura (2011-2114), o mesmo número do PP.
Ambos são a quinta maior bancada.
O PT é o maior partido, com 88 deputados.
O PMDB tem 79.
PSDB (53) e DEM (43) vêm na sequência.
DECANO A partir de fevereiro, com a ausência do senador Marco Maciel (DEM), Inocêncio se torna o mais antigo pernambucano no Congresso Nacional.
Está na Câmara desde 1975, onde já foi quase tudo, menos oposição.
Chegou pela Arena, passou pelo sucedâneo PDS e extinto PFL.
Em 2005, por pura conveniência, passou uma temporada de verão no PMDB, numa articulação com a cúpula nacional justamente para manter espaço na mesa.
Passou a perna na sua antiga legenda e, na disputa pelos votos dos colegas de plenário, ficou com a vaga que era da sua antiga legenda.
Em 1991, Inocêncio registrou a primeira derrota no currículo dentro da Casa.
Tentou a presidência, mas foi esmagado pelo então deputado Aécio Neves (PSDB-MG).
Dois anos depois, porém, chegou ao auge e sucedeu o mineiro no comando da Câmara.
Na cadeira de presidente, assumiu a Presidência da República, como substituto constitucional de Itamar Franco, então presidente após o processo de impeachment que derrubou Fernando Collor. “Quando o Itamar não tinha o vice, assumi a presidência por doze vezes, totalizando 64 dias.
Estive também em todas as edições do Diap (órgão que acompanha os trabalhos do Congresso) como os mais influentes”, contabiliza o vaidoso Inocêncio.