No Jornal do Commercio Preocupada com a repercussão da crise do PMDB na sucessão da Câmara, a cúpula petista fez ontem um gesto concreto para estender a bandeira branca ao aliado: prestigiou a cerimônia de transmissão de cargo do novo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco (PMDB).

Não por acaso, o presidente da Câmara e candidato oficial do PT a comandar a Casa até 2013, Marco Maia (RS), foi um dos três petistas que compareceram à solenidade.

Ele sabe que a insatisfação do PMDB com a perda de espaço para o PT no segundo escalão abre brecha para o lançamento de candidaturas dissidentes na base aliada, pondo em risco sua eleição.

Além de Maia, estiveram presentes os ministros petistas Luiz Sérgio, das Relações Institucionais, e José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça.

No cenário atual, o comando do PMDB já dá como certo o lançamento da candidatura do líder do PR na Câmara, Sandro Mabel (GO).

E ele não deve ser o único a enfrentar Maia no dia 1º de fevereiro.

A estratégia de rebeldes de vários partidos governistas, todos descontentes com a cota de poder, é estimular pelo menos mais duas candidaturas, para levar a eleição ao segundo turno.

Os outros dois nomes mais cotados na base aliada até agora são os de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG).

Mas o PR também não descarta a candidatura de Milton Monti (SP), embora Mabel já venha sendo abordado como “presidente” nos corredores da Câmara, por colegas de vários partidos, até do PMDB.

A candidatura de Mabel foi tratada ontem como fato consumado pela cúpula peemedebista que se reuniu no apartamento de Michel Temer.

Na reunião chegou-se à conclusão de que o governo “terá de trabalhar muito” se quiser eleger o candidato oficial do PT.

Sobretudo porque o voto é secreto, o que facilita as traições.

Ontem, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) criticou, em seu blog, a disputa por cargos entre PT e PMDB. “Os dois partidos precisam fazer terapia de grupo para discutir a relação e definir se serão parceiros ou inimigos íntimos”.