No Jornal do Commercio O desaparecimento da psicóloga carioca Karen Tannhauser, 37 anos, teve um final surpreendente.

Depois de três dias sem dar notícias, com a polícia mobilizada e a família em desespero, Karen foi encontrada ontem à tarde, por volta das 15h (14h no Recife), no porta-malas do Palio Weekend da síndica do prédio onde ela mora, no Jardim Botânico.

Bastante debilitada, suja, desorientada e em estado de choque, a psicóloga foi levada para o Hospital Miguel Couto.

Lá, em conversa informal com policiais que investigavam o caso, ela disse que fez tudo por vontade própria e que passou todos esses dias, desde a tarde de 31 de dezembro, perambulando no prédio. “Não é um caso de polícia, porque não houve crime”, disse a delegada Bárbara Lomba. “Agora, vamos ouvir os donos do veículo onde ela foi encontrada e, posteriormente, vamos ouvi-la.

Ainda não temos a conclusão do caso.” Segundo um policial que participou das investigações, a família da síndica – que não teve o nome divulgado – chegou com o carro no fim da manhã de ontem ao prédio.

Os pertences foram retirados, mas o porta-malas não foi fechado corretamente.

A família só percebeu isso, no entanto, quando já tinha subido para o apartamento, porque o alarme começou a tocar.

A síndica, ainda segundo o policial, pediu ao filho que descesse à garagem.

Ele foi até o carro e bateu o porta-malas, que estava entreaberto.

Nesse momento, provavelmente Karen Tannhauser já estaria dentro do carro.

Momentos depois, de acordo com o policial, o marido da síndica desceu à garagem para pegar uma caixa de ferramentas dentro do carro.

Ao abrir o porta-malas, o susto: Karen pulou em cima dele, gritando.

Um policial que estava no prédio foi ao local e a reconheceu.

Levada para o hospital, Karen apresentava lapsos de memória.

Segundo a delegada, no entanto, ela teria sido enfática ao dizer que não teve contato com ninguém, nem saiu do edifício.

A psicóloga não soube precisar quando entrou no carro.

Disse apenas que estava cansada e decidiu entrar no veículo.

Karen foi examinada e tirou uma radiografia do pé esquerdo, machucado enquanto esteve desaparecida.

Parentes e amigos logo chegaram à emergência do Miguel Couto em busca de notícias.

O pai de Karen apareceu aliviado, porém aflito por causa da situação.

Os primeiros exames afastaram a possibilidade de ela estar desidratada.

A movimentação no segundo andar do hospital era intensa, com vários amigos presentes.

Uns ofereciam ajuda à família.

Outros comentavam o episódio, lembrando que Karen já apresentava sinais de desequilíbrio. “Ela estava fazendo uso de medicamentos.

Não é um caso de polícia.

Não estamos dispostos a colaborar com os policiais por estarmos convencidos de que se trata de um caso médico, particular, pessoal”, disse um amigo de Karen.

A família de Karen havia procurado a polícia na tarde de domingo.

A psicóloga fora vista pela última vez na tarde do dia 31 e o circuito interno de câmeras do edifício registrara apenas a chegada dela Ela havia almoçado com o namorado e ia se preparar para a festa de fim de ano.

A psicóloga teria dito que ia caminhar na Lagoa.

Ela desapareceu levando menos de R$ 50, a carteira do Conselho Regional de Psicologia e a chave de casa.

O celular dela foi encontrado em cima da cama.

A família estranhou ainda mais o sumiço porque Karen havia comprado roupa e estava se preparando para passar o réveillon com o namorado e parentes.

Como não havia registro da saída de Karen do prédio, a delegada Bárbara Lomba e dois policiais vasculharam o prédio.

Foram revistados elevadores, corredores e até caixa d’água.

Ainda ontem, a delegada recolheu as imagens gravadas pelas oito câmeras do local.

Segundo um dos investigadores, os policiais ficaram no prédio até de madrugada.

Ao analisarem as imagens, confirmaram que Karen não tinha saído do prédio.

De manhã, sob efeito de sedativos, a mãe da psicóloga, Sônia Tannhauser, havia feito um apelo chorando: “Quem estiver com minha filha que entre em contato.

Eu só choro e rezo.

Minha filha, onde você estiver, volte, porque estamos esperando”, disse.

Parentes de Karen espalharam cartazes com uma fotografia dela pelo Jardim Botânico e outros bairros da Zona Sul.