Por Martha Beck e Cristiane Jungblut, em O Globo Online O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira que o reajuste do salário mínimo para R$ 540 cumpriu uma política que foi acertada pelo governo com os trabalhadores e que precisa ser posta em prática.
Força Sindical disse que a equipe econômica sempre se posiciona contrária aos pedidos de reajustes dos movimentos sindicais. - Caso contrário, vira brincadeira - disse o ministro.
Segundo Mantega, caso a oposição decida mexer no Congresso no valor que foi publicado por meio de medida provisória (MP), o governo vetará a proposta: - Se vier alguma coisa diferente, vamos vetar.
Uma elevação acima de R$ 540 causa uma deterioração das contas públicas.
O ministro disse ainda que não foi decidido o tamanho do corte que será feito no orçamento, mas destacou que o valor será definido com base em uma análise detalhada das despesas de cada ministério: - Será um corte qualitativo.
O que é prioritário vai ficar e o que for menos prioritário poderá ser postergado.
Vamos cortar gastos com passagens e diárias, por exemplo.
Mantega fez questão de dizer ainda que o que o governo está fazendo não é um ajuste fiscal conservador: - Esse tipo (conservador) faz com que a economia entre em recessão.
O que estamos fazendo é uma reacomodação das políticas fiscal e monetária de modo que a economia possa crescer 5% este ano.
Faz parte de um movimento cíclico.
No passado, durante a crise, o Estado entrou na economia e aumentou despesas.
Agora, o país já pode caminhar com as próprias pernas.
Equipe econômica é sempre contra aumento do salário mínimo, diz Força Sindical Ao saber da declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo vetaria um salário mínimo diferente dos R$ 540 fixados, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), disse que a equipe econômica sempre se posiciona contra os pedidos de reajuste dos movimentos sindicais, mas ponderou que, nos últimos anos, os sindicalistas têm vencido a batalha.
Apesar do recesso parlamentar, o deputado disse que já determinou a apresentação da emenda propondo o mínimo de R$ 580.
No último dia 30, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou medida provisória fixando o mínimo em R$ 540, com reajuste de 5,88%, abaixo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços Ao Consumidor (INPC), segundo o Diesse.
Ontem, o governo editou Portaria utilizando um INPC de 6,41% - portanto acima dos 5,88% - como correção para os benefícios dos aposentados que ganham acima do piso previdenciário (que é igual ao salário mínimo). - O ministro sempre pediu para vetar qualquer proposta de aumento.
A função dele é recomendar o veto.
Mas sempre que conseguimos (as coisas) foi derrotando ele.
Então, agora, acho que ele vai perder de novo - disse Paulo Pereira da Silva, bem-humorado.
O deputado e sindicalista lembrou que, em 2010, o governo também dizia que iria vetar o reajuste de 7,7% para os aposentados que ganham acima do mínimo aprovado pelo Congresso, mas depois o presidente Lula sancionou o aumento, que era maior do que os 6,14% fixados inicialmente pelo governo.
Na época, Mantega e toda a equipe econômica argumentavam que o governo não tinha como arcar com a diferença entre 6,14% e 7,7%, mas Lula ouviu os partidos políticos e, em ano eleitoral, preferiu contrariar os técnicos e sancionar a medida.
Já o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), disse que o partido quer saber as razões da equipe econômica para im mínimo de R$ 540 e que espera ser “convencido” pelo ministro Mantega. - A tarefa (de analisar as propostas do governo e, se necessário, mudá-las) nossa é essa, não é fechar os olhos e ouvidos e apertar o botão de votação - disse Henrique Eduardo Alves.