Editorial do Jornal do Commercio O aquecimento da economia no fim de ano vem brindar a tendência de recuperação que se expressa, sobretudo, na queda sustentável do desemprego em todo o País.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa atingiu 5,7% da população economicamente ativa (PEA) em novembro, menor índice desde 2002.
A situação é ainda melhor em regiões metropolitanas como as de Porto Alegre e do Rio de Janeiro, onde números abaixo de 5% já respondem por um cenário considerado de pleno emprego.
Em Porto Alegre, o registro foi de apenas 3,7%.
As contratações temporárias do período são responsáveis, em parte, pelo ambiente positivo.
Mas a série histórica mostra claramente a evolução da economia formal nos últimos anos.
Com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, o saldo de contratações menos demissões foi de 138.247 postos de trabalho em novembro, segunda maior marca para o mês desde 1992.
Por sua vez, dados da Fundação Seade apontam que em novembro foram gerados 104 mil novos postos formais no País, principalmente no Nordeste.
O acumulado nos 11 meses do ano ultrapassa 2,5 milhões de vagas, recorde que supera os 2,1 milhões criados no mesmo período em 2008.
De 2003 para cá, foram cerca de 15 milhões de novos empregos no mercado.
Indicadores que vêm responder, no âmbito regional, ao impulso dos grandes investimentos que estão sendo feitos, abrindo novas oportunidades de trabalho para os nordestinos.
Portanto, para os próximos anos, as perspectivas são animadoras.
No Recife não é diferente.
Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada pelo Condepe-Fidem, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), na semana passada, o desemprego saiu de 14,1% em outubro para 13,5% em novembro.
Ainda é elevado, em comparação com a média nacional, mas já foi um avanço.
O resultado também é 23,7% menor do que em novembro de 2009, e representa o oitavo mês consecutivo de queda, com a curva decrescente se mantendo desde 2004.
No ranking do IBGE, a Região Metropolitana do Recife continua como a segunda em desemprego, com taxa de 8,4% em novembro.
Somente a Região Metropolitana de Salvador possui mais desempregados, com 9,4%.
O destaque da alta do emprego em Pernambuco é o crescimento das vagas na construção civil, graças aos projetos estruturadores no Estado.
Em cinco anos, segundo o PED, o contingente de empregados formais no setor praticamente dobrou, passando de 50 mil para 95 mil contratados.
O desafio para o futuro próximo é a qualificação dos recursos humanos necessários para suprir uma demanda especializada crescente, oriunda dos empreendimentos de porte que começam a se instalar por aqui.
A discrepância entre os baixos níveis de desemprego do Sul e os altos índices que ainda exibimos deve-se, em certa medida, às deficiências de formação que dificultam o acesso à empregabilidade.
Os empresários não se cansam de reclamar da falta de mão de obra especializada em terras pernambucanas.
Com os bons ventos persistindo, contudo, o importante é saber aproveitar a ampliação do mercado de trabalho.
O Brasil não foge, neste aspecto, à tendência observada no continente.
Em toda a América Latina, o desemprego vem caindo de maneira consistente, demonstrando a capacidade de recuperação das economias nacionais.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) antecipou a taxa de 7,4% de desemprego para a região da América Latina e do Caribe em 2010, indicando uma queda de 0,7% em relação ao ano passado.
Por outro lado, a continuidade do emprego em alta é requisito fundamental para a reversão do quadro de pobreza que subsiste no País.
Para o Ministério do Desenvolvimento Social, 15% da população brasileira sobrevive com menos de R$ 140 mensais.
Sem falar na parcela de miseráveis que recebe menos de R$ 70 por mês.
Trazer esses subcidadãos para o mundo do emprego somente será possível com investimentos maciços em educação, e um mercado de trabalho receptivo, em ritmo de expansão.