Manoel Medeiros Neto, do Jornal do Commercio Para muitos candidatos, o resultado da eleição é o que importa.

Carregar criança, beijar desconhecidos e tomar café na casa de populares são lugares-comuns de campanha.

Na eleição de 2010, utilizar o Twitter para se mostrar simpático e “amigo” do eleitor entrou para o rol dos estereótipos eleitorais.

E da mesma forma que aparecem repentinamente de julho a outubro, de dois em dois anos, os clichês se esvaem mais rápido do que se imagina. Às vésperas de 2011, apenas dois meses depois do segundo turno, os perfis políticos no Twitter perderam força.

Sem votos em disputa, são poucos os que mantêm o ritmo.

Entre os políticos nacionais e estaduais que fizeram da mídia social a extensão de suas campanhas, destacam-se como “ex-twitteiros” a presidente da República eleita, Dilma Rousseff (@dilmabr, PT) e os deputados federais eleitos Augusto Coutinho (@augustocmelo, DEM) e Sérgio Guerra (@sergio_guerra, PSDB).

Em resumo, os três perfis estão praticamente abandonados há semanas.

Discreta desde que se elegeu com 56% dos votos, Dilma registrou sua última mensagem na mídia há 13 dias e deixou o recado: só volta em 2011. “Amigos, muito legal ser tão lembrada no Twitter em 2010.

Logo eu que tive tão pouco tempo p/ estar aqui c/vcs.

Vamos conversar mais em 2011”, afirmou.

Na campanha, Dilma registrava mensagens diariamente.

Presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra nunca se mostrou muito familiarizado com a ferramenta online.

Seus textos sempre pareciam redigidos por assessores.

Mesmo assim, o tucano informava na rede, durante o período eleitoral, sua agenda de campanha e ainda registrava posicionamentos políticos em relação à campanha de José Serra (PSDB).

Alguns desses posicionamentos, em momentos polêmicos da campanha, foram destacados pela imprensa nacional.

Seu último tweet foi postado em pleno segundo turno presidencial, quando indicou que seguissem o perfil da campanha de Serra em Pernambuco (@serra_pe).

O deputado estadual Augusto Coutinho – eleito para a Câmara Federal – deixou de lado, desde novembro, as mais de dez mensagens diárias no Twitter.

Há dois meses o político filiado ao Democratas está literalmente desaparecido da mídia social.

Em contraponto às mensagens sobre suas viagens Pernambuco afora – em busca de votos –, quase sempre salteadas com críticas à gestão do governador Eduardo Campos (PSB), não há mais registros.

Diferente da maioria, era o próprio Coutinho o autor dos tweets.

Suas últimas mensagens protestaram contra a possibilidade de retorno da CPMF, ventilada logo após a vitória do PT.

Além dos três, vários políticos modificaram sua rotina na web.

Se antes era prioridade aparecer na timeline dos seguidores, o ato de registrar mensagens no Twitter agora está em segundo plano.

Candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (@joseserra_) foi o primeiro político de relevância a utilizar a mídia social como caminho para comunicar-se com cidadãos-eleitores.

Mesmo ressaltando que não vai deixar órfãos seus mais de 580 mil seguidores, Serra não trata o Twitter da mesma forma como no tempo em que sua eleição estava em jogo. “Vou parar de escrever por uns dias.

Volto no início de 2011”, postou ele, na última quarta.

Assim como disse no discurso da derrota, promete que é apenas um “até logo”.