No Jornal do Commercio BRASÍLIA – O deputado federal Pedro Novais (PMDB), que será ministro do Turismo no governo de Dilma Rousseff, anunciou ontem que devolveu aos cofres da Câmara dos Deputados o dinheiro público usado por ele para pagar a despesa em um motel de São Luís (MA).
Ontem, reportagem do jornal Estado de S.Paulo revelou que o deputado pediu à Câmara, por meio de uma nota fiscal, o ressarcimento de despesa de R$ 2.156 no Motel Caribe, na capital do Maranhão, referente ao mês de junho.
Na reportagem, uma gerente do Caribe afirmou que Pedro Novais, de 80 anos, reservou uma suíte em junho para uma festa com amigos.
Envolvido no escândalo sexual que surpreendeu a todos pelo inusitado, se depender da cúpula do PMDB e do candidato à presidência da Câmara, Marco Maia (PT-RS), Novais dificilmente perderá o posto na equipe de Dilma.
Embora eleito pelo Maranhão, Novais vive atualmente no Rio.
Em suas prestações de contas da verba indenizatória de R$ 32 mil por mês a que tem direito, além do salário, ele também apresentou gastos de R$ 22 mil com diárias do caríssimo Hotel Emiliano, um dos mais luxuosos de São Paulo.
Essas despesas ocorreram entre setembro do ano passado até agora.
Só este mês, o deputado teria gasto R$ 5,1 mil no estabelecimento.
O líder da bancada peemedebista, Henrique Eduardo Alves (RN), minimizou o fato: “Ninguém vai falar nada com Dilma.
Ele está esclarecendo tudo de maneira consistente”.
E, sem querer comprar briga com ninguém, Marco Maia admitiu estar mais preocupado atualmente com a construção de um acordo para viabilizar sua própria candidatura à reeleição para a mesa da Casa, em fevereiro: “Vamos ouvir todas as pessoas e a partir daí analisar (o caso).
Não temos preocupação com essa matéria, até porque todas as despesas (de parlamentares) são rigorosamente tratadas.
Temos instrumentos para agir”.
Na nota divulgada, porém, o futuro ministro Pedro Novais se diz “indignado”, diz ser “marido fiel”, mas pouco explica sobre a inclusão da nota fiscal do motel entre suas despesas.
Alega apenas que teria sido apresentada “por engano” por sua assessoria, sem mencionar o funcionário responsável pelo erro.
Ele negou ainda ter estado no estabelecimento, onde o preço da suíte mais cara, chamada de Bahamas, custa R$ 392 por 24 horas de uso.
Tampouco a nota cita as declarações da gerente do motel, ouvida pelo jornal, que confirmou que o deputado havia reservado a suíte mais cara disponível no estabelecimento para oferecer um jantar para amigos.
A moça admitiu ainda que se lembrava do “senhor” que havia feito a reserva e seria amigo do dono do motel.
Ela contou que a festa teria ocorrido à noite, com a participação de vários casais, o que acabou encarecendo a conta final, uma vez que o preço da diária é por casal. “Indignei-me como parlamentar e homem público, mas, acima de tudo, como cidadão e marido.
A acusação leviana tenta atingir minha moral e a firmeza de minha vida familiar.
Sou casado há 35 anos.
Na noite de 28 de junho, data da emissão da nota fiscal pelo referido estabelecimento, estava em casa, ao lado de minha mulher Maria Helena”, destacou o deputado, na nota.
E acrescentou: “Como informei ontem ao jornal O Estado de S.Paulo, a nota fiscal foi indevidamente apresentada ao departamento da Câmara para ressarcimento, por erro de minha assessoria.
Só fui alertado deste erro ontem (anteontem) e ele está sendo prontamente corrigido.
Não posso aceitar que essa falha seja usada para acusações irresponsáveis à minha pessoa”.
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