Da Agência Estado O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, advertiu que há um “risco real” do retorno da guerra civil à Costa do Marfim.
Falando ontem, Ban disse que os mantenedores de paz da entidade vão enfrentar um quadro crítico nos próximos dias, a menos que o presidente Laurent Gbagbo retire um bloqueio da sede da oposição.
A ONU e outros líderes mundiais reconhecem Alassane Ouattara como o vencedor das contestadas eleições do mês passado.
Gbagbo se recusa a deixar o poder, além de manter forças no entorno do prédio onde o rival está sediado.
A ONU advertiu que as pessoas do prédio não recebem auxílio médico e que a entrega de comida e água também enfrenta problemas.
Segundo Ban, qualquer tentativa e submeter a missão da entidade “não será tolerada”.
Gbagbo expulsou os mantenedores de paz da ONU do país do oeste africano no fim de semana, mas a ONU se recusou a sair, além de ampliar seu mandato nesta nação para até junho.
Centenas de mantenedores de paz estão guardando o hotel Golf, onde Ouattara se encontra.
Em um discurso no fim do dia de ontem, Gbagbo disse que “a comunidade internacional declarou guerra à Costa do Marfim”.
Há o temor de que o pessoal da ONU e estrangeiros em geral se tornem alvos.
No fim de semana, homens armados e mascarados abriram fogo contra uma base da ONU na Costa do Marfim, sem deixar feridos.
O secretário-geral da ONU também disse que os mantenedores de paz concluíram que mercenários foram recrutados para lutar no país, incluindo ex-combatentes da Libéria.
Na guerra civil marfinense (2002-2003), houve o envolvimento de liberianos em quase todos os lados do conflito.
A própria Libéria sofreu com guerras civis até 2003.
Os dois países compartilham uma fronteira de 600 quilômetros de extensão.
A ONU afirma que mais de 50 pessoas foram mortas nos últimos dias na Costa do Marfim.
Há ainda centenas de relatos sobre pessoas sequestradas de suas casas durante a noite por homens armados em uniformes militares.
A Alta Comissária da ONU para Assuntos Humanitários, Navi Pillay, notou que há crescentes evidências de “violações generalizadas dos direitos humanos”.
A Anistia Internacional afirmou ontem que recebeu relatos de pessoas sendo presas ou sequestradas por forças leais a Gbagbo.
A intimidação, segundo a entidade não governamental, não ocorre apenas na capital, Abidjã, mas também em outros pontos do país.