Do JC Online Diz-se que o livro Os Sertões introduz na literatura brasileira o gênero livro-reportagem, espécie de narrativa naturalista e realista, tendo em foco cenários, fatos e personagens verídicos numa mescla de jornalismo e literatura.

As homenagens em torno do centenário de morte de Euclides da Cunha, que em 1902 concebeu o maior “tratado” sobre a vida sertaneja escrito até hoje foram abrilhantadas com a reportagem especial do Jornal do Commercio Os Sertões, de Fabiana Moraes (com colaboração de texto de Schineider Carpeggiani) - vencedora do prêmio Esso 2009.

Agora, o Sertão (em título homônimo ao euclidiano) é outra vez embalado como livro-reportagem, e com um século de atualidade.

O lançamento do projeto acontece nesta terça (21), às 19h, na sede do SJCC, no bairro de Santo Amaro.

Com a publicação, parceria entre a Companhia Editora de Pernambuco - CEPE e o Jornal do Commercio, Moraes oferece ao público a experiência sensorial do livro, que imortaliza o trabalho de reinterpretar os (pre)conceitos a respeito do Sertão e encontrar ricas histórias que felizmente descontroem esteriótipos. “Aquele Sertão visto por Euclides da Cunha está lá sim, ainda, mas a gente pode encontrar o mundo mais parecido com o nosso que os clichês não nos deixam imaginar.

Há uma juventude que consome cultura pop como rap e webhits, vaqueira mulher, travesti assumido, entidades GLS engajadas, mototaxistas, plantadores de maconha, e tantas possibilidades tão atuais.

Essa mítica que a feira de Caruaru é o Alto do Moura com bacamarteiros ou que o sertanejo é o vaqueiro montado no cavalo que só ouve baião é boa para quem?

Para a classe média com ideais puristas.

O mundo também muda por lá”, comenta a autora.

Para conformar o livro, a réporter reencontrou as personagens que se revelaram em sua viagem para a reportagem e atualizou suas histórias para o leitor.

Também chega com ineditismo ao livro, textos de Schneider Carpeggiani sobre a visão de como a literatura nacional retrata a região.

Imagens dos fotógrafos Alexandre Severo e Heudes Régis, e um novo projeto gráfico de Yana Parente, que recebeu o Esso de design gráfico quando a reportagem foi publicada.

A chave de ouro é o prefácio assinado pelo cubano Pedro Juan Gutierrez, autor da Trilogia Suja de Havana, que ficou impressionado com os rostos e relatos. “É com muito prazer que apoiamos a edição, por que o excelente trabalho torna-se mais perene que o material feito para jornal, que tem prazo para morrer.

Vibramos com a vida longa da matéria que apresenta a essência do bom jornalismo, por isso foi reconhecida com prêmios”, comenta Ivanildo Sampaio, diretor de redação do Jornal do Commercio.

Ele coloca que para conseguir imprimir em meio ao cotidiano das redações o esforço do bom jornalismo, é necessário investimento de tempo e suporte para que o repórter possa ir a campo. “Não se consegue cavar uma boa história apurando pelo telefone, acreditamos nos nossos réporteres e esse é o diferencial”, ressalta.