O comércio brasileiro continua otimista com as vendas de fim de ano. É o que demonstra o IAV-IDV (Índice Antecedente de Vendas), pesquisa realizada mensalmente com os associados do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo) sobre o volume de vendas destes varejistas e as expectativas para os próximos três meses.
Para dezembro, principal período de vendas do setor, o varejo espera crescer 9,7% se comparado com igual período do ano passado.
Para os meses de janeiro e fevereiro são esperados aumentos reais de vendas de 9,4% e 11% respectivamente.
Em novembro, o crescimento registrado em termos reais foi de 8,1% em relação ao mesmo mês de 2009.
Os meses de outubro e novembro de 2010 registraram duas das três maiores taxas de crescimento mensal em todo o ano.
O segmento de varejo relacionado a bens não-duráveis, como alimentação fora do lar, super e hipermercados, farmácias e perfumarias, passa a ser o setor com maior destaque nas projeções de crescimento de vendas para os próximos meses.
O aumento esperado é de 12% em dezembro, 13,3% em janeiro e 16,2% em fevereiro.
Já o varejo de bens duráveis, que agrega setores como de material de construção, móveis e eletrodomésticos, também deve continuar a crescer de forma expressiva, acima da taxa de dois dígitos nos próximos meses.
A expectativa é que se atinja aumento de 11,2% em dezembro, e 10,6% e 13,2% nos primeiros meses de 2011.
O segmento de bens semi-duráveis apresenta as menores taxas de crescimento esperadas: 7,1% em dezembro, 6,3% em janeiro e 6,2% em fevereiro.
Cenário econômico As vendas de bens não-duráveis, mais essenciais e de menor valor, têm sido beneficiadas pelo aquecimento do mercado de trabalho.
A taxa de desemprego registrada em outubro foi de 6,1%, a menor taxa mensal já verificada pelo IBGE desde 2002.
Essa movimentação tem gerado ganhos reais aos trabalhadores, o que resulta em seguidos ganhos de renda acima da inflação.
A variação positiva da renda, somada à maior absorção de mão de obra do mercado de trabalho, culminou nas maiores taxas de crescimento de massa salarial (conjunto de salários recebidos) pela economia.
O crescimento da renda impacta diretamente no aumento e melhoria da cesta de consumo da população, que passa a ter acesso a produtos em maior quantidade e qualidade.
As condições de oferta de crédito em outubro oscilaram ligeiramente.
O volume continuou a crescer, porém a taxa média de juros ao consumidor teve acréscimo de 1 ponto percentual, chegando a 40,4% após ter alçado a menor taxa média mensal desde o Plano Real.
Com esse cenário, o segmento de bens duráveis continua auferindo forte crescimento de vendas, porém as últimas medidas anunciadas pelo governo para restringir o crédito, provavelmente, tiveram impacto sobre a expectativa de vendas para os próximos meses.
As medidas impostas pelo Banco Central, como aumento do depósito compulsório dos bancos e restrições à compra de veículos com prazos mais longos, sinalizam a preocupação da autoridade monetária com a inflação.
Essas medidas serviram como uma forma de frear o consumo através da alta de juros, sem a necessidade de realizá-lo diretamente, pela elevação da taxa básica de juros (Selic).