Por Ernesto Albuquerque Os resultados do pleito de 2010, em Pernambuco, apresentaram características de um ou vários tsunamis eleitorais.
A primeira onda gigante de cerca de 3,5 milhões de votos, obtidos por Eduardo Campos – 82,8% do eleitorado contra o seu maior adversário político –, constituiu-se em insofismável apoio dos pernambucanos à renovação do mandato por ele conquistado em 2006.
Curiosamente, a vitória de Eduardo foi muito mais contundente do que a de Miguel Arraes sobre José Múcio, em 1986.
Nesse ano, a vantagem do Dr.
Miguel Arraes correspondeu, tão somente, a 19% do eleitorado, enquanto a vantagem de Eduardo Campos sobre Jarbas Vasconcelos foi de 45,9% de um eleitorado da ordem de 6,3 milhões de votantes.
Observe-se também que, em ambos os pleitos, as votações recordes de Arraes e Eduardo Campos “arrastaram” a eleição dos senadores – Mansueto de Lavor e Antônio Farias, em 1986, e Armando Neto e Humberto Costa, em 2010.
Por sua vez, uma outra onda gigante de votos deu forma inédita à eleição de deputado federal, em 2010, quando recorremos aos números divulgados pelo TSE.
Com efeito, dividindo-se o total de votos dos quatro primeiros colocados pelo eleitorado cadastrado, têm-se os seguintes dados: em 1998, Eduardo Campos, Inocêncio Oliveira, Cadoca e Armando Neto somaram 598.960 votos, equivalentes a 11,7% do eleitorado; em 2002, Cadoca, Roberto Magalhães, Inocêncio Oliveira e Arraes somaram 794.341 votos, ou 14,7%; em 2006, Armando Neto, Inocêncio, Ana Arraes e Cadoca totalizaram 723.714 votos ou 12,4% dos eleitores inscritos.
Em 2010, repetiu-se, de forma mais avassaladora, o tsunami de votos auferido por Miguel Arraes, em 1990 – 339.158 sufrágios tendo, sozinho, arrebatado 10,1% do eleitorado cadastrado: os quatros candidatos mais votados para deputado federal – Ana Arraes, Eduardo da Fonte, João Paulo e Inocêncio Oliveira – conquistaram juntos 1.180.758 sufrágios, correspondentes a 18,9% do eleitorado, um número espetacular, quando constatamos que a quantidade de eleitores inscritos em 2010 é superior em 22,3% aos de 1998, por exemplo.
Porém, atualizando-se o tsunami de Arraes de 1986, sua votação em 2010, seria de 632 mil votos.
As altas ondas também foram a característica do voto evangélico, que elegeu o pastor Francisco Eurico da Silva com surpreendentes 185.870 votos, igualmente ajudando a Frente Popular a dispor de uma bancada de 20 parlamentares, correspondente a 80% da representação de Pernambuco, na Câmara dos Deputados.
Os resultados e os demais dados aqui referidos levam-nos a concluir que o eleitorado está se movendo na velocidade, força e intensidade dos tsunamis, que têm dizimado populações inteiras - um alerta para quem ainda continuar na vida política e disputar mandatos.
Para esses, o remédio é ficar atento, prestar toda a atenção para onde o vento sopra e rever os seus métodos de trabalho, mudando-os para uma presença constante e mais eficaz junto ao eleitorado, posicionamento político firme e eficiente divulgação midiática.
Para quem continuar no ramo, é imprescindível tomar cuidado com novos tremores no mar da política e, sobretudo, com os tsumanis eleitorais que eles desencadeiam.
Advogado.