Do Jornal do Commercio A Marinha do Brasil, o Governo de Pernambuco e a Prefeitura do Recife (PCR) voltam a se reunir na manhã de hoje para discutir o futuro da área de mangue colocada à venda pela Marinha no bairro do Pina.
Os executivos estadual e municipal irão apresentar propostas que viabilizem a aquisição da área para criação de um parque.
De acordo com o secretário-executivo de Meio Ambiente do Estado, Hélvio Polito, a preocupação é em manter o manguezal preservado e que a área seja transformada em um espaço de utilidade pública.
O encontro foi acertado ontem, durante reunião realizada na Capitania dos Portos, quando a Marinha expôs a proposta de permuta do terreno pela construção de casas para os militares.
O valor da transação é de R$ 51 milhões.
As cartas com as propostas serão abertas no dia 21, na capital potiguar.
A Marinha não possui mais instalações na área desde 1996, quando a Estação de Rádio foi desativada.
Atualmente, a Marinha dispõe de 50 homens no local oriundos de Natal, onde está localizado o 3º Distrito Naval.
Os custos para manutenção da área chegam a R$ 200 mil por ano. “Precisamos construir habitações para o nosso efetivo e propomos a permuta porque, para nós, a área do Pina é ociosa e gera gastos”, acrescentou o comandante da Capitania dos Portos, Mário Silva.
A presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, deputada estadual Ceça Ribeiro (PSB), entregou um documento assinado por todas as instituições que participaram da audiência pública realizada anteontem, onde é pedido à Marinha que reveja a posição de venda da área. “Reconhecemos a importância da Marinha para a preservação ambiental”, disse. “Tememos que uma empresa privada instale um empreendimento no local e que não tenha o mesmo comprometimento com a preservação”, acrescentou o vereador Daniel Coelho (PV).
O diretor de políticas ambientais da PCR, Dionísio Valois, disse que a prefeitura recebeu com surpresa o anúncio do edital da Marinha. “Não fomos comunicados.
Havia um interesse em transformar a área num parque”, disse.
A informação foi rebatida pela Marinha. “Iniciamos o processo em setembro, quando o assunto foi discutido com a Justiça Federal.
Convidamos a prefeitura, mas ninguém apareceu”, explicou o comandante Mário Silva.
No próximo sábado, a partir das 8h, o Movimento Escola Mangue realiza uma caminhada da Igreja do Pina até a entrada do manguezal, na Avenida Domingos Ferreira, com o objetivo de pressionar a Marinha a não vender a área e cobrar da PCR a criação do parque. “O ecossistema é muito importante para a cidade, pois ajuda a escoar a água das chuvas e mantém o controle da temperatura”, informa a coordenadora do movimento, Luciana Silva.
O Escola Mangue também disponibiliza um abaixo-assinado eletrônico, que já conta com duas mil assinaturas.
O documento será entregue ao Ministério Público Federal para solicitar a suspensão do edital de venda.
O site é o www.abaixoassinado.org/assinaturas/assinar/7648.
No dia 1º de dezembro, o prefeito em exercício Milton Coelho assinou o Decreto nº 25.565/2010, que regulamenta o Parque Municipal dos Manguezais.
O parque tem 320,34 hectares, dos quais 225,82 hectares são mangue.
A Marinha do Brasil é proprietária de 70% da área.
Segundo o comandante da Capitania dos Portos, o decreto não inviabiliza o negócio porque o edital de venda do terreno foi lançado antes da decisão da prefeitura.