Do Jornal do Commercio O Recife melhorou na educação, na segurança e nas políticas para a juventude nos últimos dois anos.
Mas a situação não é de se comemorar.
A cidade piorou em saúde, saneamento, trabalho.
E está entre as piores capitais do País em todos os quesitos. É o que dizem os Indicadores do Recife 2010, compilação de estatísticas oficiais elaborada pela organização Observatório do Recife (ODR).
Os resultados indicam que gestores públicos têm muito chão pela frente para oferecer condição de vida digna à população.
A regressão em saúde chama a atenção do ODR porque só um dos 13 pontos avaliados evoluiu positivamente.
Trata-se do número de mulheres com pré-natal insuficiente, que caiu de 46,14 a cada 100 mil habitantes para 43,32.
Mesmo assim, o Recife ocupa a 17ª posição entre as capitais.
A que oferece melhor cobertura é Curitiba, com apenas 11,49 gestantes sem acesso a consultas por 100 mil habitantes.
Os membros da executiva do ODR avaliam que os dados devem alertar prefeitura e Estado no que diz respeito à condução das políticas. “O Recife está historicamente defasado em relação a outras capitais.
Mesmo com melhoras, não significa que temos educação e saúde de qualidade, por exemplo”, considera o urbanista Ruben Pechio.
Um dos índices que evoluíram de forma negativa foi o de curetagem pós-aborto.
Passou de 3,5 em 2008 para 3,68 em 2009, engloba tanto os provocados como os espontâneos.
Neste caso se enquadram as vizinhas Valéria Lima, 34 anos, e Jane Nascimento, 38, de Campo Grande, Zona Norte.
Ambas perderam bebês este ano.
E reclamam da qualidade da atenção básica. “Passo até três meses para conseguir consulta”, queixa-se Valéria.
Em educação, mudanças são sentidas.
Alunas da Escola Estadual Ginásio Pernambucano da Rua do Hospício, Centro, vivem uma era de docentes assíduos. “Mas ainda tem gente que não está no ensino integral e vai para casa mais cedo por falta de professor”, lamenta Thaynere Rocha, 15, 1º ano do ensino médio.
Ela e as colegas Gabryelle Barbosa e Clariane Ferraz, 15, nunca foram reprovados, seguindo a melhora em repetência.
Otimismo também na segurança.
Homicídios e roubos caíram, o que vem reaproximando amigos, como Verônica Freire, 22, e Elaine Oliveira, 21, de Santo Amaro. “Não ficava na praça porque era tiroteio toda hora.
Hoje é tranquilo”, diz Elaine. “Não podia visitá-la porque moro em outra parte do bairro, e os traficantes eram rivais.
Agora vai uma à casa da outra toda semana”, comemora Verônica.
O estudo completo está em www.observatoriodorecife.org.br. “Queremos que haja uma cultura de monitoramento social”, espera Amélia Leite, da executiva do ODR.