Por Thais Bilenky, da coluna Mônica Bergamo, na Folha.com O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse que o país precisa reformular a legislação sobre o aborto. “Quem aqui não teve uma namoradinha que precisou abortar?

Meus amigos, vamos encarar a vida como ela é”, afirmou durante palestra em evento da revista “Exame” direcionado a empresários em São Paulo.

Segundo Cabral, a descriminalização do aborto deve ser ampliada, mas não se aplica a ele: “Fiz vasectomia e sou muito bem casado”.

O governador criticou a atual legislação. “Do jeito que está, está errado, falso, mentiroso, hipócrita.

Isso é uma vergonha pro Brasil.

Vamos pegar países onde a religião tem um peso significativo.

Espanha, Portugal, França, Inglaterra, Estados Unidos.

Esses países gostam menos da vida do que nós?

Esse é o ponto.” Para ele, o tema foi “muito mal discutido” na campanha eleitoral.

Durante a corrida presidencial, sua aliada, Dilma Rousseff, teve de rebater acusações de que ela era favorável ao aborto –uma posição que poderia lhe custar uma substancial fatia do eleitorado, em especial a religiosa.

Para Cabral, “a mulher tem que ser muito ouvida e participar ativamente dessa discussão”. “Porque se você tem 200 mil a 300 mil mulheres que anualmente vão para os hospitais para reparar danos causados por abortos mal feitos, o poder público tem que estar preparado.

Ninguém é a favor do aborto, mas uma coisa é uma mulher, por alguma necessidade, física ou psicológica, psiquiátrica ou orgânica, desejar interromper uma gravidez.” O governador ressaltou que “um milhão de mulheres, talvez mais, todo ano fazem aborto, só que o sujeito de classe média alta tem uma clínica de aborto, clandestina mas em melhores situações, mesmo que não passe por nenhum controle de vigilância sanitária nem médica”.