Do Jornal do Commercio Este foi mesmo um ano muito bom para o ecossistema de tecnologia da informação e comunicação de Pernambuco.

No campo individual, empresas cresceram, receberam aportes, enquanto outras se recuperaram e retomaram o fôlego antes da crise.

Mas foi no coletivo que a economia digital do Estado mostrou mais avanços.

De acordo com o diretor de inovação e competitividade empresarial do Porto Digital, Guilherme Calheiros, este foi o ano que marcou o início da mudança de escala da organização.

Tudo por causa do aporte de mais de R$ 38 milhões vindos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e emendas parlamentares, recebidos ao longo de 2010. “Nunca tivemos tanto dinheiro disponível.

Só no início da entidade recebemos somas parecidas, mas naquela época tudo foi para estruturação.

Agora, não. É para projetos”, diz Calheiros.

Em caixa, o Porto tem disponível R$ 1,6 milhão.

E até o fim deste mês, a instituição receberá a primeira parcela da verba do MCT: R$ 10 milhões. “Graças a esses recursos, conseguimos tocar vários projetos, como o Programa de Qualidade, que irá certificar 20 empresas nos padrões CMMI e MPS.br, além de capacitar 90 pessoas em inglês.

Ainda fechamos a primeira etapa do Porto Desembarca”, diz Calheiros, que destaca também a realização do Diálogos Porto Digital, mesa-redonda com acadêmicos que desenvolveram pesquisas sobre o Porto.

Além disso, o número de empresas embarcadas aumentou.

Mais 18 empreendimentos se instalaram no Bairro do Recife em 2010.

Entre eles, a Accenture, multinacional que já tem 80 pessoas trabalhando no Edifício Porto Digital, a antiga sede do Bandepe.

Oficialmente, a sede da empresa no Recife só será inaugurada no próximo dia 14, mas há dois meses ela ocupa um andar inteiro do empresarial. “A Accenture já nos solicitou mais outro andar.

A expectativa deles é ter mil pessoas trabalhando no local em cinco anos”, revela Calheiros, que ressalta a importância da companhia para o Porto. “É uma das maiores empresas de software do mundo.

E um empreendimento tão grande irá estimular a competitividade das menores e com certeza trará outras grandes companhias para nosso ambiente”, afirma.

O diretor lembra que quando o Cesar trouxe a Motorola para dentro do Porto, várias outras empresas, como Nokia, Siemens e Sun vieram a reboque.

Além da Accenture, a Stefanini, que já estava no Recife, transferiu suas operações para o bairro.

Com isso, o Porto fecha 2010 com 139 empresas dedicadas exclusivamente ao desenvolvimento de software.

Também compõem o ecossistema 13 empresas incubadas, nove companhias de serviços associados, como infraestrutura, duas instituições de apoio e três de ensino. “Nosso número oficial era de 130 empresas, mas costumávamos juntar companhias de desenvolvimento e de serviços associados.

Agora mapeamos bem e temos tudo discriminado.

Crescemos muito em 2010”, comemora o gestor.

Para 2011, Calheiros conta que o plano do Porto é usar os recursos captados em 2010. “Só tem um plano: gastar”, brinca. “Vamos aplicar os recursos para disparar todos os nossos programas.

Agora temos dinheiro para, de fato, mudar a escala e internacionalizar o Porto Digital”, afirma.

Entre as promessas dos últimos meses, só ficou de fora o contato com a megacorporação Saab, que fabrica softwares para jatos militares, e que chegou a prospectar negócios com empresas do Porto.

No entanto, o fechamento de acordos comerciais depende da venda de um conjunto de aviões de caça ao governo brasileiro.

Em contrapartida ao contrato, a Saab teria que investir em empresas nacionais.

O negócio, no entanto, está longe de acontecer, já que o Brasil também está em conversação com a França. (J.W.)