Por Adriano Oliveira – Cientista Político Os estrategistas políticos no Brasil se preocupam geralmente com os candidatos e esquecem os partidos.
Isto ocorre em razão da fraqueza dos partidos junto à opinião pública.
Esta fraqueza é consequência da personalização da disputa eleitoral.
Como todos sabem: os eleitores escolhem pessoas e não partidos no dia da eleição.
Recentemente, o senador eleito Aécio Neves afirmou que o PSDB precisa ser refundado.
Estranhei a afirmação do ex-governador mineiro, já que acredito que o PSDB foi fundado e depois foi engolido pelo PT.
Neste sentido, o PSDB precisa sair da barriga do PT.
FHC ao sair da presidência da República deixou uma herança benigna para o país.
Privatizações, Lei de Responsabilidade Fiscal, Agências Reguladoras, Plano Real, privatização dos bancos públicos estaduais, micro reforma do estado.
José Serra, primeiro candidato à presidência da República após a Era FHC, não defendeu este legado junto aos eleitores.
Geraldo Alckmin agiu de modo semelhante a Serra na disputa presidencial de 2006.
E nesta última disputa presidencial, José Serra desejou ser o candidato de Lula.
Como sair da barriga do PT?
Após a Era FHC, as ideias do PSDB, ou melhor, de FHC, foram incorporadas sabiamente pelo presidente Lula.
Este, certamente aconselhado por Antônio Palocci e Henrique Meirelles, sabia que o possível sucesso do seu governo dependia da continuidade de grande parte das ações realizadas por FHC.
Ao contrário dos candidatos do PSDB, Lula soube, indiretamente, defender a parte boa do governo FHC.
Após a Era FHC, o PSDB estava apto a se consolidar no país.
Embora a aprovação do governo FHC fosse baixa, os seus feitos na área econômica e social deveriam ter sido explorados nas três últimas eleições presidenciais.
Em nenhum momento das diversas campanhas eleitorais, os vários candidatos do PSDB defenderam as privatizações, a autonomia das agências reguladoras e o fundamental: o Plano Real.
As transformações socioeconômicas ocorridas na Era Lula foram consequência das ações implementadas na Era FHC.
Aliás, a Era Lula, no âmbito econômico, representou a continuidade do governo FHC.
A universalização da telefonia ocorreria sem as privatizações?
Os investimentos estrangeiros se consolidariam no Brasil sem o Plano Real?
A diminuição da desigualdade social aconteceria em um ambiente de alta inflação?
Estas indagações não foram feitas pelos que fazem o PSDB, inclusive, os seus estrategistas.
Caso os estrategistas das últimas campanhas do PSDB soubessem as respostas das indagações realizadas teriam tido a paciência de retomar ao poder.
E a retomada poderia ter ocorrido na última disputa presidencial.
Entretanto, mais uma vez, o PSDB optou por não mostrar o que pensa para a opinião pública e não revelou que o sucesso do governo Lula foi possível, em parte, pelas ações de FHC.
O PSDB precisa construir identidade partidária.
Para tal, estratégias precisam ser definidas.
Com isto, ele poderá sair da barriga do PT!