Por Sheila Borges, no JC Disposta a continuar no cargo no segundo mandato do governador reeleito Eduardo Campos (PSB), apesar do escândalo envolvendo o seu nome em um suposto esquema de desvio de recursos públicos da Fundarpe, a presidente da fundação, Luciana Azevedo, trabalha intensamente nos bastidores do governo para não ser exonerada.
Ela chegou, inclusive, a procurar ontem a Secretaria da Casa Civil, o braço político do chefe do Executivo estadual, para expor os seus argumentos – os mesmos colocados para a opinião pública em uma nota de esclarecimento publicada também ontem nos jornais de circulação do Estado.
Na conversa com os interlocutores do governador, Luciana foi mais além: frisou que, se for afastada agora, será considerada culpada.
Qualquer atitude de Eduardo, nesse sentido, poderá ser interpretada como uma punição, um reconhecimento da culpa dela. É o que a ex-vereadora do Recife pelo PT pretende evitar.
Oficialmente, o governador já saiu em defesa da auxiliar ao ser indagado sobre a repercussão do vazamento de informações do relatório feito por auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que vai subsidiar o voto do relator do caso, conselheiro Marcos Loreto.
Nele, Luciana é apontada como uma das responsáveis por pagamentos a shows-fantasma.
Nos bastidores, a saída dela já é considerada certa.
O episódio em questão só aprofundou um desgaste que já vem sendo alimentado ao longo dos quatro anos de gestão.
O problema com a classe artística é a falta de pagamento de alguns contratos.
A aresta com o próprio governador é porque a presidente age de forma isolada, sem consultar a cúpula do Palácio.
A gota d’água foi uma entrevista concedida por Luciana na qual afirmou, com convicção e ironia, que ninguém poderia tirá-la do cargo.
Mas para não prejudicar Luciana e evitar que a crise atinja o governo como um todo, Eduardo a exoneraria alegando que a decisão faz parte de um projeto maior, que é a reforma administrativa do governo.
Nesse processo de mudança, Luciana não seria a única a ser afastada.
A petista, todavia, teme que seu desligamento pese na análise do processo, que será julgado pela 1ª Câmara do TCE na próxima quinta-feira (16).
Independentemente do resultado, Luciana pode recorrer ao Pleno do tribunal e reformar a sentença.
Isso, contudo, não acontece antes da reforma administrativa de Eduardo, que poderá afastar a petista do órgão até o fim deste mês.
DEFESA Em nota publicada nos jornais, a Fundarpe alega que as matérias produzidas pela imprensa são meras suposições feitas a partir de um relatório preliminar, que a responsabiliza pelo desvio de R$ 51 milhões.
A fundação considera que essas informações fazem parte de um “bombardeio” gerado depois que a atual gestão “quebrou o modelo clientelista” de outros governos. “Os artistas contratados foram definidos mediante processo público e formal de seleção”, diz a nota.
As empresas supostamente fantasmas foram indicadas por alguns artistas.
A Secretaria da Casa Civil não confirmou o encontro com Luciana, confirmado por fontes governistas.
E a assessoria da Fundarpe argumentou que a presidente da instituição está em Exu, no Sertão do Estado, participando da última etapa do circuito pernambucano Nação Cultural 2010.