Por Edna Simão, de O Estado de S.Paulo Desmembrada do ministério dos Esportes para alocar aliados políticos, a pasta do Turismo se tornou o eldorado das emendas individuais de deputados e senadores e alvo de irregularidades no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De 2006 a 2010, o montante em emendas destinada ao turismo saltou de R$ 292,8 milhões para R$ 1,7 bilhão.
Neste ano, a aplicação foi tão grande que desbancou a pasta da Educação, que tinha a previsão de recebimento de R$ 1,4 bilhão em emendas.
Mas a avalanche de recursos não contribuiu com o crescimento expressivo de turistas estrangeiros no País.
Em 2009, 4,8 milhões visitaram o Brasil, o que representa uma redução de 4,9% em relação a 2008.
Para 2010, o Ministério do Turismo espera uma recuperação.
A previsão é de o País receber 5,1 milhões de turistas até dezembro.
Origem Criado em 2003, o Ministério do Turismo foi entregue ao mineiro Walfrido Mares Guia (na época no PTB).
Sem muito dinheiro para administrar, o ex-ministro recorreu às emendas individuais de parlamentares para alavancar recursos para o segmento.
Para isso, ampliou às possibilidades para o uso de emendas individuais.
Porém, o interesse dos parlamentares pelo Turismo passou a ser mais evidente a partir de 2007, quando Marta Suplicy assumiu o ministério.
A lista de ações que poderiam receber emendas, já vasta, foi novamente estendida.
Além de construção de museus e teatros, pórticos, teleféricos e mirantes, a praças e parques de exposição, rodeios, aeroportos, os parlamentares também poderiam transferir recursos “eventos” e “turismo”.
Nessa ação, o dinheiro era liberado sem licitação e em até dois meses depois de autorizado o pagamento da emenda ao parlamentar.
A partir daí, começou a farra das emendas.
Antes de 2006, esse tipo de liberação da verba era restrito a municípios turísticos.
Com tanto recurso liberado, apareceram os escândalos.
Um dos primeiros foi em Pernambuco devido à acusação de superfaturamento de cachês e desvio de verbas de emendas parlamentares.
Lá o secretário estadual e o presidente da empresa pernambucana de promoção do turismo perderam o cargo.
O Ministério do Turismo até tornou às regras mais rígidas para a liberação, mas não adiantou.
No domingo, o Estado divulgou a denúncia de que emendas de parlamentares para promoção de eventos em Turismo estavam sendo repassados para entidades privadas.