Em discurso em tom de despedida, o senador Marco Maciel (DEM-PE) lembrou seus 40 anos de vida pública, dedicados ao estado de Pernambuco e ao país.
O parlamentar destacou, em especial, o processo de transição democrática com a eleição indireta de Tancredo Neves via Colégio Eleitoral e a convocação da Assembleia Nacional Constituinte que culminou com a promulgação da Constituição federal de 1988.
Nesse processo, Marco Maciel deu ênfase à dissidência do Partido Democrático Social (PDS) que redundou na criação do Partido da Frente Liberal (PFL), atualmente denominado Democratas, ao qual pertence.
O partido, disse o senador, foi criado para “superar as dificuldades e enfrentar as novas realidades”, conforme consta no manifesto de criação da legenda.
Ao defender a democracia, Maciel destacou a capacidade dos homens públicos de, em momentos difíceis do país, resolverem as crises.
Comparou o movimento da Aliança Democrática, iniciado em Minas Gerais por Tancredo Neves, com o auxílio de José Sarney, com o movimento de conciliação no Império realizado pelo Marquês de Paraná, Honório Hermeto Carneiro Leão, responsável pela criação do ministério de transição para a República.
O parlamentar ressaltou também a participação de movimentos da sociedade civil na redemocratização como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a imprensa, universidades e sindicatos.
Sobre a participação do Congresso Nacional, destacou a Missão Portela que resultou na Emenda Constitucional nº 11.
A emenda, disse, revogou diversos atos institucionais da ditadura, garantiu a anistia ampla e irrestrita, o livre funcionamento dos sindicatos e outros avanços institucionais que permitiram o retorno ao estado democrático de direito.
Ao falar de sua atuação no Senado, Marco Maciel disse que, mais do que uma vocação, a vida pública que abraçou há quase meio século “é um compromisso com o nosso povo e suas instituições”. - Não pratico a política como um mero exercício ou um simples desfrute de poder, que é a forma mais mesquinha de exercê-la.
Entendo-a e a pratico como uma possibilidade de transformar o poder para fazer dele um instrumento de justiça, de igualdade e de bem-estar coletivo.
Aprecio a firmeza das convicções e, como acredito no poder das ideias, sempre defendi o princípio de que as convicções não são empecilho para o entendimento e a conciliação - disse o senador.
Defesa das reformas Em seu discurso, Marco Maciel também insistiu na necessidade de aperfeiçoamento dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, notadamente a reforma política, de modo a evitar a “proliferação desenfreada” de partidos.
Ele defendeu a discussão do papel dos partidos políticos e os métodos de financiamento das eleições.
O parlamentar defendeu ainda a reforma tributária, com a instituição de um sistema tributário descentralizado e que respeite atenda à capacidade contributiva do cidadão. - O país não se modernizará somente com reformas econômicas ou sociais.
A modernização passa, sobretudo, por reformas políticas - alertou o senador.
Marco Maciel encerrou seu discurso agradecendo aos correligionários, aos adversários, pela generosidade, e aos que não são nem correligionários nem adversários, pela solidariedade.