Lilian Ferreira, do UOL “Os países desenvolvidos devem reduzir suas emissões, já os países em desenvolvimento, como China e Brasil, podem continuar a aumentar suas emissões em baixas taxas, no caminho para um desenvolvimento sustentável”.
Esta é a opinião de Mohan Munasinghe, co-ganhador do Nobel da Paz em 2007 pelo IPCC (Painel Intragovernamental de Mudanças Climáticas), por alertar sobre os perigos do aquecimento global.
Um dos grandes entraves para um acordo sobre mudanças climáticas é a exigência de que países em desenvolvimento tenham metas de redução dos gases do efeito estufa.
Uma das propostas de um rascunho finalizado na semana passada, e que será analisado por chefes de estado e ministros na COP-16, Conferência do Clima, sugere um acordo para que todos os países adotem medidas de redução desses gases.
Japão e União Europeia só aceitam impor metas mais duras de cortes, se todos os países fizessem o mesmo.
Hoje, a China é o maior emissor, e Brasil e Índia também estão no top 10.
Enquanto a UE oferece cortes de 20% e EUA de 17%, até 2020, o necessário seria de, pelo menos, 40% sobre 1990.
Em entrevista exclusiva ao UOL Ciência e Saúde, Munasinghe, que é professor da Universidade de Machester, diz que os países pobres devem focar as ações em adaptação às mudanças e em diminuir sua vulnerabilidade para proteger os mais pobres das consequências do aquecimento.
Como resolver o impasse?
Segundo Munasinghe, as emissões devem ser analisadas por habitantes, e, nesta conta, os EUA lideram.
Cada americano lançou na atmosfera 18,9 toneladas de CO2, em 2007, frente a 4.9 toneladas dos chineses. “A China é um país em desenvolvimento que tem grande direito de continuar o desenvolvimento sustentável para reduzir a pobreza”, defende.
A solução, para ele, é integrar as políticas de mudanças climáticas às estratégias de desenvolvimento sustentável e combater todos os problemas de uma só vez, porque eles estão interligados.
As mudanças climáticas têm grande impacto na economia e vice-versa, então, só se chegaria a um bom resultado ao trabalhar com as duas questões ao mesmo tempo.
Assim, os países industrializados, que hoje têm alto PIB per capita e altas taxas de emissão, que excedem os limites máximos, devem reduzir os lançamentos, reestruturando suas fontes de energia.
Já os países mais pobres, que emitem pouco e tem um PIB per capita baixo, devem receber adaptação às mudanças imediatamente.
Os países em desenvolvimento teriam que adotar medidas inovadoras para se desenvolver com baixa emissão de carbono, aprendendo com as experiências dos países mais ricos.
Para isto, é necessária a ajuda técnica e financeira para continuar a crescer, com menos emissão e menos vulnerabilidade.