Cecília Ramos, do Jornal do Commercio O governador Eduardo Campos (PSB) segue para Brasília segunda-feira (6) para nova rodada de negociações sobre a composição ministerial do governo da presidente eleita Dilma Rousseff (PT).
Embora adote a diplomacia, evitando falar sobre o tema, Eduardo defende a cota de três ministérios para o PSB.
E esse número é, nos bastidores, o motivo do impasse.
A presidente oferece o ministério da Integração Nacional, referenda o nome do indicado pelo PSB – o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho –, mas não deverá conceder todos os postos pleiteados.
Eduardo quer manter Pedro Brito na secretaria especial de Portos, cujo status é de ministério.
E, para compensar a perda do ministério da Ciência e Tecnologia para o PT, o governador quer a pasta do Turismo para o deputado Márcio França (PSB-SP).
Esse ministério, de fato, estava cotado para o PSB, mas ontem passou às mãos do PMDB.
De Brasília, uma fonte governista disse ao JC, ontem, que Dilma considera “legítimo” o pleito do governador, mas alega que “não há espaço para todos”. “O PSB insiste no terceiro ministério e é por isso que não pode anunciar nomes ainda.
Não há resistência a Fernando (Bezerra Coelho), mas ao número de cargos que o partido quer”.
Por outro lado, Eduardo também não aceita como sendo cota do PSB o senador eleito Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que deve ganhar um ministério para dar espaço no Congresso ao suplente, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra (SE).
Outro impasse são os pleitos dos aliados do Nordeste.
A mesma fonte informou ao JC que é “improvável” que o PT e o PSB nordestino abocanhem mais de uma pasta, fora das cotas de cada partido.
Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí e Sergipe se uniram em bloco para forçar as negociações.
O PT do Nordeste, em especial, já fez chegar a Dilma a queixa, em tom de ingratidão, já que a região deu a maior vitória à presidente eleita.
Se houver um ministério, provavelmente será da Bahia, porque é o maior Estado, tem a maior bancada e deu a segunda maior votação a Dilma (primeiro foi o Maranhão).
Se forem duas vagas, os demais Estados do grupo disputarão.
Enquanto o problema persiste, petistas e socialistas decidem sobre a partilha da Codevasf, Chesf, Sudene, DENOCS e Banco do Nordeste.
Ontem, Eduardo Campos voltou a negar que esteja ocorrendo uma guerra interna entre os dois partidos. “O ambiente entre o PT e o PSB do Nordeste é o melhor possível.
Em todos os Estados (da região) nós estivemos juntos (o PT apoiando o PSB ou vice-versa)”.
Vice-presidente nacional do PT e senador eleito, Humberto Costa confirma que o clima com os socialistas “é tranquilo”.
Segundo informou a fonte com trânsito nas negociações ministeriais, em Brasília, “não há mesmo clima ruim” entre os dois partidos aliados. “O que as bancadas (do PT e do PSB do Nordeste) estão tratando agora são os nomes que serão levados à presidente”.
A previsão de Dilma é fechar o xadrez ministerial até o dia 15.
A petista completou 35 dias hoje, a contar da eleição presidencial, tentando fechar seu ministério.
Eduardo deve anunciar o seu novo secretariado na sequência.