Denise Madueño e Eugênia Lopes, do Estadão A insatisfação do PMDB com os rumos da composição ministerial impediu que a presidente eleita, Dilma Rousseff, anunciasse nesta sexta-feira, 3, peemedebistas que farão parte de seu governo.
Diante da rebelião do PMDB, a presidente eleita formalizou apenas os integrantes da “cozinha do Palácio do Planalto” , deixando para a semana que vem o anúncio em bloco dos nomes de todos os peemedebistas que vão integrar o primeiro escalão.
Inicialmente, Dilma pretendia formalizar nesta sexta os nomes dos peemedebistas Edison Lobão (MA) na pasta de Minas e Energia e a manutenção de Wagner Rossi no Ministério da Agricultura.
O PMDB reagiu ao anúncio a conta-gotas.
O receio dos peemedebistas é que a formalização de apenas dois nomes da legenda no futuro governo acabasse enfraquecendo o partido nas negociações futuras.
A presidente eleita confirmou oficialmente ontem só a indicação de Antonio Palocci (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e José Eduardo Martins Cardozo (Justiça).
O nome de Alexandre Padilha na pasta de Relações Institucionais deveria ter sido ratificado, mas saiu da lista de confirmados no último momento.
A expectativa é que Dilma consiga fechar o xadrez ministerial com os partidos aliados até meados da semana que vem.
Após 34 dias da eleição, Dilma enfrenta dificuldades em montar seu ministério.
Além do PMDB, o PSB quer aumentar sua cota.
O governador de Pernambuco e presidente do partido, Eduardo Campos, já garantiu a pasta da Integração Nacional.
O PSB poderia levar o Turismo, mas ontem o ministério passou a ser cotado para o PMDB.
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), observou que o partido espera ganhar outros dois ministérios para compensar a perda da Integração Nacional e das Comunicações, que ficará provavelmente com Paulo Bernardo (PT), hoje titular do Planejamento. “A diferença agora é essa: o PMDB se preocupa com o conjunto do futuro ministério.
Não briga mais”, disse Alves.
Madrugada.
A decisão de brecar o anúncio de fragmentado dos ministérios do PMDB foi acertada na madruga de ontem em reunião entre o futuro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), e os líderes do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), e na Câmara.
Os peemedebistas avaliaram que como só uma parte do PMDB seria contemplada agora, o restante perderia “poder de fogo” para negociar mais espaço no governo.
O PMDB reivindica cinco ministérios: dois com indicação da bancada da Câmara e outros dois com os titulares escolhidos por senadores.
O quinto ministério seria uma indicação de Temer.
O seu candidato é o ex-governador do Rio Moreira Franco.
Nessa contabilidade não entra o peemedebista Nelson Jobim, da Defesa, considerado da cota pessoal de Dilma.
Além de Minas e Energia e da pasta da Agricultura, o PMDB ontem era cotado para o Turismo e a Previdência.
A ideia é que a pasta do Turismo fique com o deputado Mendes Ribeiro (RS).
Sua eventual nomeação permitirá o retorno à Câmara do deputado Eliseu Padilha (RS), que ficou com a primeira suplência.
O Ministério da Previdência deverá sair das mãos do PT e ir para o PMDB com a nomeação de Moreira Franco.
Nesse caso, o PMDB do Senado pleiteia outra pasta.