Do Jornal do Commercio O prefeito de Carpina, Manoel Botafogo (PSDB), entrou com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que seja revista a decisão do processo que move por racismo, desde 2006, contra o ex-deputado Carlos Lapa (PP), seu adversário político.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) havia declarado, em primeira instância, prescrição do crime e decidido pelo arquivamento do processo.

Segundo Lúcia Brandão, advogada do prefeito, o TRE analisou o processo à luz do Código Eleitoral, considerando o caso “uma injúria racial”, passível de prescrição.

No entanto, ela recorreu por acreditar que ocorreu um crime de racismo, imprescritível pela Constituição. “Eles deveriam ter passado o caso pra justiça comum”, argumenta Lúcia Brandão.

Procurado pelo JC, o ex-deputado Carlos Lapa disse que o recurso do adversário não o perturba em nada. “Recorrer é um direito que assiste a ele.

Nunca pratiquei nenhum crime de racismo, só disse que ele não é nenhum branquinho de olhos azuis.

Ele é que usa a cor para tirar proveito.

Eu nunca faria nada disso”, disparou.

No dia 28 de setembro de 2006, em meio à campanha eleitoral da sua filha, a deputada estadual Carla Lapa (PSB), o ex-deputado atacou o prefeito e fez menções à cor de sua pele.

Segundo o recurso, Lapa teria chamado Botafogo, entre outras coisas, de “negrinho pobre”.

No dia seguinte, o prefeito prestou queixa na polícia por racismo.

Como resposta, Lapa disse, em uma emissora de rádio local, que repetiria todas as suas afirmações perante a Justiça.

Em agosto de 2007, Botafogo prestou nova queixa contra o ex-deputado, que teria lhe chamado de “negro besta”, em mais uma entrevista a uma rádio local.

Manoel Botafogo é um personagem controverso.

Em abril de 2008, movimentou a rotina de Carpina ao ser acusado de tentar assassinar o radialista Dênis Araújo com uma foice, com a qual foi fotografado.

Em entrevistas na época, o presidente estadual do PSDB Evandro Avelar e a advogada do prefeito afirmaram que o caso tratava-se de “legítima defesa”.