Por Sheila Borges, do Jornal do Commercio A permanência de Luciana Azevedo na presidência da Fundarpe está insustentável.
Com o vazamento do relatório da auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Luciana ficou ainda mais isolada no governo.
Mas a sua saída, que é dada como certa nos bastidores, deve ser construída com muito cuidado para que o caso não “respingue” no governador Eduardo campos (PSB).
Por isso, ela pode continuar até o final da atual gestão, ou seja, o fim do ano.
Com uma votação consagradora e uma gestão aprovada pela população, Eduardo precisa manter a agenda positiva para continuar sua negociação junto à futura presidente Dilma Rousseff (PT) e conquistar, para o PSB, espaços importantes no primeiro escalão.
E ter tranquilidade para, em nível estadual, remodelar o secretariado de seu segundo governo.
Eduardo Campos tem duas alternativas.
Na primeira, Luciana seria aproveitada em algum cargo de segundo escalão estadual no próximo governo.
Na segunda, deixaria a gestão e não ocuparia nenhuma função.
Em ambos os casos, a solução poderá levar em consideração a modelagem do governo de Dilma.
Isso porque Eduardo vai reproduzir a divisão política da gestão da petista.
Se o PT ficar na Cultura, Luciana pode ser aproveitada.
Caso contrário, ficará de fora.
A situação pode se complicar se Luciana for condenada pelo Pleno do TCE.
Oficialmente, Eduardo não quis comentar o assunto ontem, uma vez que a investigação ainda está em curso.
Além do mais, coube à própria Fundarpe se defender.
O órgão, administrado por Luciana há quatro anos, estranhou o vazamento da informação antes do julgamento do caso, que ocorrerá no próximo dia 16.
E lembrou que o conselheiro relator do processo, Marcos Loreto, não se pronunciou.
Em nota oficial, a entidade disse que recebeu um ofício do TCE para se defender do uso, supostamente irregular, de R$ 5,097 milhões e não de R$ 51 milhões.
Independentemente do valor da verba usada em shows fantasmas, a situação de Luciana é extremamente delicada.
Do ponto de vista administrativo, o Palácio não está gostando da cobrança pública que está sendo feita pelos artistas, até mesmo via redes sociais, de cachês não pagos pela Fundarpe.
De um lado, o órgão é acusado de pagar empresas por shows fantasmas.
Do outro, é apontado como uma entidade que perdeu crédito por não pagar artistas que atuaram, por exemplo, do Carnaval de 2009.
Do ponto de vista político, a avaliação é de que tem faltado jogo de cintura a Luciana, o que aconteceu, especialmente, em duas ocasiões.
Em uma delas, a mais recente, Eduardo ficou contrariado quando a presidente deu uma entrevista e afirmou, em tom irônico, que ninguém iria tirá-la do cargo na próxima gestão.
Chegou, inclusive, a traçar metas para os próximos anos, sem consultar o Palácio.