BRASÍLIA – A maioria da população brasileira vive assombrada pela violência.
Estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que nove em cada dez brasileiros têm medo de ser vítima de crimes como homicídio, assalto a mão armada e arrombamento de residência.
O medo é intenso para cerca de 70% das pessoas e um pouco menor para cerca de 20%.
O receio de agressão física é comum a 70% delas.
O quadro de insegurança se soma ao de insatisfação: é baixa a aprovação dos serviços policiais.
Os dados constam do Sistema de Indicadores de Percepção Social sobre Segurança Pública (Sips).
De acordo com a pesquisa, o sentimento em relação à criminalidade varia conforme a região.
No Nordeste, 85,8% da população têm medo de homicídio, ante 78,4% no Norte e no Sudeste, 75% no Centro-Oeste e 69,9% no Sul – neste caso, os números coincidem com taxas de assassinato mais baixas.
As mulheres têm mais medo de ser mortas que os homens.
O temor também é maior entre os que não foram vítimas de algum tipo de crime nos últimos 12 meses.
O arrombamento de moradias preocupa menos a classe média e mais os pobres e os ricos: têm muito medo desse crime 71,8% dos que ganham até dois salários mínimos e 76,3% dos que recebem acima de 20. “O medo é maior na população de renda mais baixa, que tem condições mais precárias de moradia, e mais alta, que mora em locais mais visados”, disse Almir de Oliveira Junior, técnico responsável pelo estudo.
O Ipea também constatou que é baixo o nível de confiança nas corporações.
Nada menos que 70,7% do público confiam pouco ou nada na Polícia Militar, a mais mal avaliada, seguida da Guarda Municipal (70,6%), da Polícia Civil (69,9%) e da Polícia Federal (51,1%). “A variação mais significativa é por idade: os mais jovens confiam menos nas organizações de segurança pública”, explicou.
Questionados sobre a qualidade da atuação policial, a maioria dos entrevistados discordou da afirmação de que a polícia atende a emergências de forma rápida, registra as ocorrências e investiga eficientemente, aborda o cidadão com respeito, é competente, respeita os direitos das pessoas e não é preconceituosa.
Em todas as regiões, mais da metade dos entrevistados acha o atendimento policial por telefone demorado.
Entre os que já tiveram contato com a polícia, 75,4% consideraram o trabalho de investigação lento e ineficiente.