Do Jornal do Commercio Convocada às pressas pelo Conselho de Secretários Estaduais de Segurança Pública (Consesp), uma reunião entre secretários de oito Estados em Brasília aprovou nessa quarta-feira (1) documento apoiando as ações desencadeadas pelos governos federal e fluminense para a tomada de territórios do tráfico e adotando medidas para evitar a migração de bandidos em fuga para outras unidades da federação, onde serão “caçados sem trégua”.

O conselho – que se reuniu na sede da Subsecretaria de Operações de Segurança Pública do Distrito Federal – também decidiu oferecer ao Rio auxílio da Força Nacional de Segurança Pública, recusado num primeiro momento.

Antes mesmo da reunião, vários Estados já haviam reforçado a segurança nas divisas para barrar passagem de criminosos, drogas, armas e veículos roubados.

Em São Paulo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) intensificou operações nas Rodovias Rio-Santos (BR-101), na saída de Ubatuba, e Presidente Dutra (BR-116), em Queluz.

Já a PM paulista, responsável pelas vias estaduais, informou que mantém seu efetivo inalterado.

Em Minas Gerais, a PRF informou ter deslocado já no fim de semana mais policiais à divisa com o Rio.

A PRF também intensificou a fiscalização, com blitze em horários e locais alternados, na BR-116.

Já a PM mineira reforçou o policiamento na região da Zona da Mata, que fica na divisa dos dois Estados, com esforço concentrado em cidades como Juiz de Fora, Simão Pereira, Ubá, Muriaé e Leopoldina, todas próximas ao Rio.

Pernambuco é outro Estado preparado para enfrentar eventual migração de traficantes.

A garantia foi dada pelo secretário estadual de Segurança Pública, Wilson Damázio, que reforçou a segurança nas divisas do Estado e espalhou fotos e perfis dos traficantes foragidos.

Em entrevista ao Jornal do Commercio após participar da reunião, Damázio contou que além do apoio dado ao Rio, aproveitou para conversar com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). “O que precisamos é aumentar o fluxo de informações entre os Estados”, disse.

Para isso, já na próxima semana haverá uma outra reunião do Consesp, desta vez com os responsáveis pela área de inteligência dos Estados. “Queremos agilizar essa troca de documentos sobre os traficantes e direcionar esses dados”, adianta Damázio, que ratificou mais uma vez o fechamento das divisas de Pernambuco, como o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

O objetivo é barrar o tráfico de drogas, especialmente o crack, com homens nos municípios de Petrolina (Sertão), Garanhuns (Agreste), Quipapá, Palmares e Barreiros (Mata Sul), além da capital e região metropolitana. “Discutimos também essa necessidade de fechar as divisas para que droga nenhuma passe”.

Ainda hoje uma carta direcionada à imprensa deverá se enviada pelo Consesp, com o conteúdo da reunião.

Para o desembargador aposentado Wálter Fanganiello Maierovitch, presidente e fundador do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone de Ciências Criminais, esses reforços são positivos. “Evidentemente que eles poderão tentar deixar o Rio.

Essas organizações fazem esses ataques espetaculares, a exemplo do PCC em maio de 2006 em São Paulo, e depois submergem para se reorganizar.

O Comando Vermelho, a Amigos dos Amigos (ADA) e as milícias fizeram uma confederação criminal.

Seguramente eles vão querer o apoio de outros Estados”.

O pesquisador Guaracy Minguardi, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança, é a favor das medidas, porém faz uma ressalva. “Podem ser até importantes, mas precisa ver se não é melhor concentrá-las no Rio, onde o problema está acontecendo agora”, disse. “Teria de haver um trabalho conjugado das polícias e saber quem está procurando.

Se não tiver como identificar quem é quem, vai passar batido.”