Por Luciano Siqueira Personagem do comediante Zé Trindade, em programa humorístico na Rádio Mayrink Veiga, entre os anos 50 e 60, convida os amigos para ajuda-lo a construir um galinheiro, numa manhã de domingo.
Entre a fixação de um barrote e de uma ripa, tome pinga e cerveja – e muito palpite.
Era palpite pra todo lado, e o galinheiro só ficou pronto ao final da tarde.
Muita hidroxila na cuca, comemoravam a grande obra quando descobriram um detalhe: estavam todos presos no galinheiro porque, embriagados, haviam esquecido de fazer a porta.
Claro que as situações são muito diferentes.
Mas uma coisa lembra a outra.
Iniciada a transição para o novo governo, todos – partidos e personalidades influentes – dão palpites e apresentam pleitos, admissíveis certamente.
A política é assim, a vida é assim.
Até a grande mídia, que perdeu a guerra eleitoral, se mete a “interpretar” os desejos da presidenta eleita na tentativa de pautar o novo governo.
Sai Mirelles, entra Tobini na presidência do Banco Central. “Nada muda na política macroeconômica”, asseveram de pronto articulistas tucanóides.
E assim por diante.
Dilma tem clareza de rumos e pulso suficiente para ouvir a todos e tomar as decisões necessárias.
Não há risco de concluir a montagem do governo enclausurada e tonta, como os amigos pinguços de Zé Trindade.
Nem permitirá que a pressão midiática a faça recuar em seus propósitos.
Agora cabe distinguir palpites e propostas consistentes; pleitos descabidos e reivindicações justas.
Caso do PCdoB, que levou à equipe de transição um documento conciso e certeiro.
Medidas de enfrentamento da guerra cambial que resguardem o processo de industrialização do país e garantam o controle sobre o fluxo de capitais estrangeiros.
Juros compatíveis com a necessidade de investimentos produtivos.
Conclusão do marco regulatório do Pré-Sal.
E, na outra face da economia, aumento real do salário mínimo, jornada de trabalho de quarenta horas semanais; melhoria dos serviços públicos, promoção da segurança do cidadão.
E outros itens mais, sintonizados com a ideia de “continuar e avançar”.
Os comunistas têm autoridade para assim procederem, infensos a práticas fisiológicas e a disputas cegas por cargos e posições no governo.
Na gestão que finda, quadros do PCdoB cumpriram com inquestionável êxito as missões que receberam do presidente Lula, notadamente no Ministério do Esporte e na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
E jamais arredaram o pé de uma correta postura ao um só tempo propositiva e crítica.
PS: Luciano Siqueira é vereador do Recife e deputado estadual eleito pelo PCdoB.
Site, Blog e Twitter