Leonardo Spinelli, do Jornal do Commercio A distribuição das águas da Bacia do Rio São Francisco, a partir das obras da transposição, terá um custo de R$ 0,13 por metro cúbico (1.000 litros), tarifa que servirá para manter e gerenciar o sistema.

O valor foi definido pelo Conselho Gestor do Projeto Integrado do São Francisco e terá rebatimento na conta de água de todos os clientes da Compesa.

Segundo cálculo do presidente da Companhia Pernambucana de Abastecimento, João Bosco Almeida, esse custo a mais poderá aumentar em 1% o valor da tarifa de água do cliente final, que hoje paga R$ 2,50 por metro cúbico.

Ou seja, R$ 0,02.

Esse rebatimento acontece porque quando o sistema estiver pronto, a Compesa vai passar a utilizar mais as águas do São Francisco.

Atualmente, todas as bacias hidrográficas do Estado fornecem à Compesa 50 metros cúbicos por segundo de água, incluindo barragens e rios. “Vamos pegar da transposição 5 metros cúbicos por segundo, que representará 10% de nosso consumo.

Os R$ 0,13 da tarifa do São Francisco representam 5% da nossa tarifa de R$ 2,50.

Ou seja, 10% de nosso consumo sofrerá um impacto de 5% no preço.

Isso representará um impacto de 1% no preço do sistema todo”, explica.

Em outras palavras, a água da transposição vai servir exclusivamente aos clientes do Sertão e do Agreste, mas todos os consumidores vão ter de pagar pelo seu uso.

Isso porque o sistema da Compesa é integrado, assim como acontece com qualquer outra concessão de serviços públicos. “Se fôssemos cobrar o uso apenas dos clientes do Sertão, a água lá seria 30% mais cara.

Isso acontece porque o custo de levar a água ao Sertão é mais caro, pois precisamos de bombas potentes para levar água de locais mais baixos para os mais altos.

Hoje, qualquer consumidor paga R$ 2,50 porque as despesas são rateadas entre todos”, comenta João Bosco, que também é secretário de Recursos Hídricos do Estado.

O executivo argumenta que a cobrança pela água do São Francisco é o início de uma nova fase do relacionamento da sociedade com o insumo.

Este processo já teve início na região Sudeste e agora chega como tendência também no Nordeste. “Nós nunca colocamos isso como obstáculo (o aumento da tarifa geral).

O que precisa se aprofundar com o comitê da bacia é o preço da água para as atividades produtivas.

O Ministério da Integração está para constituir uma entidade gestora do projeto da transposição (que será responsável pela cobrança)”, disse.

Uma das ideias é a instituição da Agnes, Agência Gestora das Águas do São Francisco.

Atualmente a água que chega nas torneiras ou nos sistemas de irrigação de produtores rurais é cobrada pelo serviço, que traz o insumo da fonte.

Por isso, muitos produtores não pagam pela água que consomem em suas propriedades, pois em boa parte dos casos eles mesmos investiram em equipamentos de bombeamento.

O Estado está trabalhando no sentido de passar a cobrar pela água, mesmo daqueles que possuem seus próprios sistemas de distribuição.

O primeio passo neste sentido foi a criação, este ano, da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).

O organismo ainda está em fase de implantação e realizará no ano que vem concurso público para contratar seus primeiros servidores. “A agência vem para colocar na prática a Lei de Recursos Hídricos de Pernambuco (de 1987), que já determina que a água seja objeto de cobrança.

A cobrança pela água é tendência mundial e vem da necessidade do uso racional da água.” João Bosco salienta que “ninguém vai fazer a loucura de inviabilizr a atividade econômica”, mas “conceitualmente”, ele diz, “a socieade precisa entender que o uso da água tem de ser cobrado em todas as atividades”.