Manoel Medeiros Neto, do Jornal do Commercio Para ilustrar o “enfraquecimento” da gestão do prefeito João da Costa (PT) no Recife, a bancada de oposição na Câmara dos Vereadores surpreendeu, ontem, ao acusar o poder de fogo do governador Eduardo Campos (PSB) em ações do âmbito municipal.
A crítica foi levantada pelo vereador Daniel Coelho (PV), que deixa a Casa em janeiro de 2011 para assumir mandato de deputado estadual. “Nunca se viu um governador do Estado mandar mais na cidade do Recife do que o próprio prefeito como está acontecendo agora”, acusou Coelho na tribuna.
Para o verde, que recebeu a segunda maior votação no Recife entre os que disputaram uma vaga na Assembleia (27.978 votos), a sobreposição do Executivo estadual em detrimento do Legislativo municipal seria reflexo dos problemas vividos pela atual gestão na PCR.
Nos bastidores da Casa, atribue-se a Eduardo Campos a montagem de boa parte da composição da mesa diretora no próximo biênio (2011/2012), eleita há três semanas, além das articulações em torno das presidências dos colegiados temáticos da Câmara.
A reeleição do vereador Augusto Carreras (PV) para a 1ª secretaria, responsável pelo manejo administrativo do Legislativo, e a indicação da vereadora Marília Arraes (PSB) rumo à presidência da Comissão de Legislação e Justiça, a mais importante da Câmara, são exemplificadas como ações que teriam sido promovidas através do poderio político do governador.
Por contar com apenas dois vereadores na Câmara (além de Marília, o vereador João Arraes também é do PSB), os socialistas não emplacariam a Comissão de Justiça, espaço cativo do PT.
Uma negociação com o beneplácito do Palácio, entretanto, aprovou o nome da atual vice-líder do governo Costa, Marília Arraes, estreante na Casa e sobrinha do governador.
A indicação de Marília, confirmada pelo presidente eleito da Casa, Jurandir Liberal (PT), surpreendeu os membros da Casa. “É uma ação que vai acabar fortalecendo a oposição porque ela (Marília) não tem experiência para administrar os problemas da Comissão.
A bancada oposicionista pode trazer problemas para a PCR ao barrar projetos neste colegiado”, afirmou um governista, em reserva.
De acordo com um vereador de oposição, é nítido que o prefeito João da Costa vem abrindo espaço para o PSB do vice-prefeito Milton Coelho com os olhos voltados para 2012.
Admitindo intervenções palacianas na sua administração, João da Costa sinaliza para mais uma união entre os partidos na próxima eleição municipal, quando pretende se reeleger.
Como nenhum dos dois vereadores socialistas esteve presente na sessão de ontem, não houve resposta no plenário.
O JC procurou Marília Arraes e João Arraes, mas não obteve resposta.