Um momento de lucidez Por Sambê O Rio vive um momento histórico! Às sombras de uma beleza estonteante muito conhecida de todos, um problema dormente de velho, veio a tona com força de guerrilha.
Não me permitiria deixar passar em branco toda essa excitação de estar acompanhando de perto essa apoteótica e inevitável situação.
Isso que certamente constará nos anais da história do desenvolvimento deste país, me reconecta com tudo que sou, e tudo que já vivi.
Começando com a explosão de uma bomba numa manhã de dias atrás, o estopim de um confronto socio-político-cultural nunca antes visto.
Dezenas de carros incendiados, tanques de guerra, muita tensão nas ruas e tudo que vocês já viram pela TV.
Bateram de frente os 30 anos de abandono, com as promessas eufóricas de transformar e dissolver os problemas eternos desta dialética cidade.
Tudo isso prazificado para 2014.
Estou quase convencido de que o tamanho das motivações, pode ser proporcional ao resultado das nossas ações, e que isso é um sentimento coletivo.
A esperança que vem com o cheiro de pólvora aponta uma nova direção para o Rio, e que certamente será copiada para o resto da terra Brasilis.
Uma perspectiva otimista, como já indicavam os últimos 8 anos marcados de escândalos positivos, hoje tem um novo marco na questão do desenvolvimento social, pelas medidas tomadas e planejadas pelas autoridades.
Escrevi esse texto hoje de manhã, num surto de alegria quando intuitivamente descobri o efeito “tropa de elite” na sociedade carioca.
Desejos do imaginário popular, foram servidos em prato frio, como uma doce vingança antecipada pelo cinema.
Cada um tem o herói que merece, ou que precisa.
Vivemos tempos de redenção e de oportunidades para os que criam e arriscam.
Temos hoje um cinema nacional recordista de público, vivemos também a re-invenção da industria fonográfica, além de tudo que advém da ciência, política e religião.
Fico feliz particularmente pela forma que a arte penetra na sociedade, como pode influenciar nossas ações e até salvar milhares de vidas mundo a fora.
O que aprendi com minhas experiências me faz acreditar que a verdadeira revolução deve ser alicerçada na sensibilidade, no despertar dela.
Na simplicidade dos pequenos gestos poderemos observar um movimento intenso de informações e caminhos para nos tornarmos pessoas melhores.
Acredito na mudança de dentro pra fora.
Na gentileza, na educação e no respeito ao próximo.
Uma humanização que vem do esclarecimento inevitável do tempo, em qualquer civilização.
A arte deve ser na verdade o horizonte onde estão às coisas que nos fazem bem.
Sambê, cantor, compositor, pensador periférico, pernambucano flutuante em terras fluminenses.