Por Adriano Oliveira – Cientista Político Durante o período eleitoral, candidatos optam por se aproximar dos servidores públicos através do oferecimento de benefícios impossíveis de serem concedidos.

Geralmente, eles se resumem ao aumento do salário do servidor público.

Em nenhum instante, os candidatos discutem, já que receiam perder votos, a eficiência do estado por meio da reforma das estruturas que orientam e condicionam a relação servidor público e sociedade. É freqüentemente atribulada a relação gestor estatal e funcionalismo público, independente da cor partidária.

São diversos exemplos de gestores que sofreram intensa pressão dos sindicatos dos servidores e para estabelecer a “governabilidade” optaram por atender as respectivas demandas.

Outros, com diálogo ou cooptação das lideranças sindicais, conseguiram evitar ou suspender greves e não atenderam a “tudo” que os sindicatos desejavam.

Reconheço que são justas, por vezes, as demandas do funcionalismo público.

Em particular, o aumento dos salários.

Diversas categorias do funcionalismo, como médicos, professores e policiais, precisam que os seus salários sejam recuperados.

Embora, outras categorias não tenham esta necessidade!

Os gestores possuem limites, pois o orçamento é único e ele precisa ser distribuído para as variadas demandas advindas da sociedade e do estado.

Os atores políticos criaram a Lei de Responsabilidade Fiscal, a qual representa um arranjo institucional que buscou, corretamente, limitar os gastos do gestor com o funcionalismo público e tem proporcionado a criação da cultura do equilíbrio fiscal no interior do estado.

O estado brasileiro sofre processo de transformação em razão da Lei da Responsabilidade Fiscal e dos limites orçamentários inerente a própria dinâmica da distribuição dos recursos públicos.

Este processo evidencia que a função pública, aos poucos, deixará de ser atrativa para os bons e excelentes profissionais em virtude da incapacidade do estado de manter constantes aumentos salariais para o funcionalismo público.

Em razão disto, os candidatos precisam, no decorrer da campanha eleitoral, construir discurso correspondente às limitações fiscais do estado, pois caso isto não ocorra, o vencedor do pleito terá imensa dificuldade em governar e, por consequência, manter a sua administração bem avaliada, pois greves tumultuam a gestão.

Os candidatos precisam entender que os servidores públicos na disputa presidencial e para o governo do Estado não decidem eleições.

Entretanto, em municípios em que o comercio depende dos salários dos servidores, talvez sim.

Ressalto que os indivíduos/eleitores que não fazem parte do estado desejam um estado eficiente no provimento dos serviços públicos.

Mas para tal empreitada, os servidores do estado precisam estar satisfeitos.

Satisfação não se obtém apenas com aumento de salários.

Os gestores precisam propor novos incentivos ao funcionalismo público e não apenas prometer, em época de campanha, aumento salarial.

Professor Adjunto do Departamento de Ciência Política (UFPE) e Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral (UFPE)